Nesta quarta-feira (1º), um dos episódios mais dramáticos da exploração do espaço completa 20 anos: o desastre do ônibus espacial Columbia, que se desintegrou no céu poucos minutos antes do pouso, tirando a vida de sete astronautas (seis americanos e um israelense).

Astronautas mortos no acidente do ônibus espacial Columbia. Da esquerda para a direita: David Brown, Rick Husband, Laurel Clark, Kalpana Chawla, Michael Anderson, William McCool e Ilan Ramon. Imagem: Arquivo NASA

O veículo decolou do Centro Espacial Kennedy em 16 de janeiro de 2003, para uma viagem de 17 dias pelo espaço. No processo de retorno à Terra, o ônibus espacial se desintegrou quando sobrevoava a região do Texas, rumo à Flórida, onde estava previsto para pousar.

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Um minuto e meio após o lançamento, um pedaço do revestimento de espuma do tanque externo de combustível se soltou, a 640 km/h, causando uma fissura no escudo térmico de carbono localizado na ponta da asa esquerda.

Como isso não foi detectado no instante em que aconteceu, Columbia seguiu viagem. A NASA percebeu que o ônibus havia sido atingido somente ao analisar imagens do lançamento no dia seguinte, quando o veículo já estava em órbita. 

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Quando houve a reentrada do ônibus espacial na atmosfera terrestre em altíssima velocidade, o forte calor e o atrito fizeram com que o buraco aumentasse mais, permitindo a entrada de plasma superaquecido pela estrutura da asa, o que provocou o derretimento e a desintegração da espaçonave.

Sobre os ônibus espaciais da NASA

Os ônibus espaciais da NASA foram os primeiros veículos espaciais reutilizáveis da história. Eles substituíram os gigantescos foguetes Apollo e, por 30 anos, foram as mais sofisticadas espaçonaves construídas pelo homem.

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Crédito: NASA

Com 37 metros de comprimento e 18 metros de envergadura, o veículo orbitador (OV) parecia um avião: tinha asas, cauda, trem de pouso e três potentes motores RS-25. Pesando 78 toneladas, ele tinha capacidade para transportar sete astronautas e até 27,5 toneladas de carga.

Para tirar isso tudo do chão e colocar em órbita, o ônibus espacial contava com um gigantesco tanque de combustível externo com 760 toneladas de hidrogênio e oxigênio líquidos, e dois foguetes auxiliares de 500 toneladas de combustível sólido cada.

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Ele era lançado verticalmente, como um foguete convencional. Os três motores do ônibus espacial e os dois foguetes auxiliares operavam em conjunto para vencer os primeiros quilômetros de atmosfera. Após o impulso inicial, os foguetes auxiliares eram ejetados e caíam de paraquedas no oceano, de onde eram resgatados para reutilização.

Pouco tempo depois, o tanque externo também era ejetado, mas ele não era reaproveitado, pois queimava na reentrada atmosférica. 

Após realizar suas missões em órbita, o ônibus espacial retornava à Terra de forma espetacular.

Primeiro, com uma manobra iniciada com um giro de 180 graus do veículo em seu eixo. Para manobras orbitais, o ônibus espacial contava com dois propulsores adicionais na parte traseira. Com a nave voltada na direção contrária do deslocamento, esses propulsores eram acionados para reduzir sua velocidade orbital e forçar a reentrada na atmosfera. O veículo era, então, reposicionado num ângulo específico (40°) de forma a gerar o arrasto necessário para freá-lo.

Ônibus espacial Columbia pousando na Base da Força Aérea de Edwards, na Califórnia, ao concluir sua primeira missão orbital, em 14 de abril de 1981, 22 anos antes do acidente fatal. Crédito: NASA

Um escudo térmico, na parte de baixo da estrutura, protegia a nave do calor da reentrada, que podia chegar a quase 2 mil graus. Passada a fase crítica, o ônibus espacial planava como um avião, fazendo manobras de zigue-zague para reduzir ainda mais sua velocidade até o momento da aterrissagem de forma suave em uma das pistas de pouso da NASA.

Durante quase todo o processo, os astronautas a bordo eram apenas passageiros. O computador de bordo controlava todo o processo de forma automática. Apenas no último momento da aterrissagem é que o piloto entrava em ação para pousar a nave.

Dois acidentes fatais

Ao todo, a Nasa desenvolveu 6 ônibus espaciais: Enterprise, Columbia, Challenger, Discovery, Atlantis e Endeavour. O Enterprise foi usado apenas para testes e não chegou à órbita da Terra. Já os demais, concluíram quase 32 mil horas de missões e levaram ao espaço 355 astronautas de 16 países.

Ônibus espacial Challenger explodiu no ar pouco mais de um minuto após ser lançado. Crédito: Bruce Weaver/AP

Durante o tempo em que estiveram em operação, entre 1981 e 2011, os ônibus espaciais realizaram 135 missões. Colocaram em órbita o Telescópio Hubble, participaram da construção e da manutenção da Estação Espacial Internacional, lançaram inúmeros satélites e conduziram experiências científicas em órbita da Terra. 

Mas, infelizmente, duas dessas missões não terminaram com sucesso. Além da trágica reentrada do ônibus espacial Columbia, houve também o desastre da missão Challenger, em 1986, que explodiu pouco depois de decolar, matando toda a tripulação a bordo.

Com esses dois episódios, o programa dos ônibus espaciais havia se tornado o mais letal da história. Em 21 de julho de 2011, oito anos depois da tragédia com o Columbia, o Atlantis planou no céu americano e pousou no centro espacial John Kennedy pela última vez, colocando fim à gloriosa era dos ônibus espaciais.

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