Astrónomos descobriram um novo planeta potencialmente habitável muito próximo e com um tamanho semelhante ao da Terra e que orbita a uma distância de sua estrela que pode permitir a existência de vida como conhecemos.

  • O exoplaneta orbita uma anã vermelha chamada Wolf 1069 e recebeu o nome de Wolf 1069b
  • Está a cerca de 31 anos-luz da Terra, considerado perto paras os padrões espaciais
  • Orbita sua estrela em uma distância de cerca de 10 milhões de quilômetros e está na sua zona habitável
  • Sua órbita dura 15,6 dias
  • Possui 1,36 vezes a massa da Terra
  • A descoberta de um planeta como o Wolf 1069b já é uma grande conquista.

Com as tecnologias que temos hoje, buscar um exoplaneta pequeno como esse é mais complicado. Isso porque as técnicas usadas para descobrir um novo planeta é feita de forma indireta, observados as interações dele com suas estrelas.

Como um exoplaneta é descoberto

Existem dois métodos para que um novo exoplaneta seja descoberto. O método de trânsito, que observa quedas regulares na luz da estrela quando um objeto passa na frente dela. Essa técnica pode ser usada quando o planeta orbita entre a Terra e o seu Sol.

O outro método é o de velocidade radial. Ele detecta alterações nos comprimentos de onda emitidos pelas estrelas, quando ela é minimamente movida devido à interação gravitacional que aconteceu com a passagem do planeta.

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Assim quanto menor o planeta, menor vai ser a sua interação com a estrela que ele orbita. Por causa disso, menos de 1,5% dos cerca de 5200 exoplanetas descobertos até hoje possuem massa menor que 2 vezes a da Terra.

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Zonas habitáveis

Dos 1,5% desses planetas que não são 2 vezes maiores que a Terra, apenas alguns deles estão a uma distância suficiente de suas estrelas para que água possa ser encontrada no estado líquido.  

Estar nessas zonas é um dos primeiros passos para que um planeta seja potencialmente habitável, e essa distância ideal da estrela e os exoplanetas pode mudar dependendo da estrela. 

Por exemplo, no Sol, a zona habitável vai de Vênus e Marte, e a Terra está a cerca de 150 milhões de quilômetros da estrela. No Wolf 1069b essa distância é 15 vezes menor, no entanto a anã vermelha que ele orbita é menos quente e menor.

A radiação que o Wolf 1069b recebe é cerca de 65% do que a Terra recebe do Sol. Se o planeta fosse rochoso e nu isso manteria a temperatura do planeta em cerca de -23° Celsius, o que faria com que a água congelasse.

Atmosfera e campo magnetico 

No entanto, não é só a distância do Sol que torna um planeta potencialmente habitável. Outro fator é a presença de atmosfera e um campo magnético. A presença de uma camada de ar densa pode reter o calor e garantir que a temperatura aumente.

No entanto, a presença de uma atmosfera densa e estável depende também da existência de um campo magnético global, que pode ser gerado internamente ou por causa de interações com a estrela.

Um campo magnético gerado internamente em um planeta é resultado da conversão de energia cinética, gerado pela rotação, convecção e condução de fluidos, em energia magnética.

Segundo pesquisadores do Instituto Max Planck de Astronomia ( MPIA ), na Alemanha, responsável por descobrir a estrela, o Wolf 1069 b pode possuir estar gerando campo magnético internamente. Eles pontuam que simulações apontam que 5% dos sistemas planetários possuem apenas um planeta, como o da estrela Wolf 1069.

As simulações também revelam um estágio de encontros violentos com embriões planetários durante a construção do sistema planetário, levando a impactos catastróficos ocasionais

Remo Burn, astrônomo do MPIA, em resposta a ScienceAlert

Esses choques esquentam o exoplaneta e fazem com que o núcleo continue se fundindo e gerando um campo magnético.

Outro problema

Devido estar muito próximo de sua estrela, o planeta pode ter o mesmo bloqueio que a Lua tem. Uma das faces do Wolf 1069b está sempre voltada para a Wolf 1069. Isso acontece por causa dos freios gravitacionais que acontecem quando um objeto está orbitando muito perto de outro mais massivo.

Quando essa relação acontece entre uma estrela e um planeta, de um lado é sempre dia enquanto do outro é noite. Mas isso não descarta a existência de vida no exoplaneta recém descoberto, ela pode existir na linha eterna entre dia e noite. No caso de Wolf 1069 b, um mapa de simulação de temperatura do planeta indica que é mais provável a existência de vida no lado que é sempre dia.

Assim a peça essencial seria descobrir mais sobre a atmosfera do exoplaneta. No entanto, ele não está no campo de visão entre a Terra e a Wolf 1069, e o pouco que sabemos é por causa da sua interação gravitacional com a estrela.

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