Adeus, C/2022 E3 (ZTF)! Cometa verde pode deixar o Sistema Solar para sempre

O cometa C/2022 E3 (ZTF) voltou a passar pela Terra após 50 mil anos, podendo ser a última vez que recebemos sua visita
Flavia Correia14/02/2023 10h47, atualizada em 14/02/2023 21h24
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Depois de fazer uma passagem midiática pelo Sistema Solar, com uma tão aguardada “visita” à Terra – após mais de 50 mil anos – e um “chega mais” em Marte, o cometa C/2022 E3 (ZTF) pode estar se despedindo (e para sempre) da nossa vizinhança.

O cometa C/2022 E3 (ZTF) voltou a passar pela Terra após 50 mil anos, podendo ser a última vez que recebemos a sua visita. Imagem: Dan Bartlett

Resumindo:

  • O recém-descoberto cometa C/2022 E3 (ZTF) passou o mais próximo possível da Terra no início de fevereiro;
  • Ele permaneceu visível desde que atingiu o periélio (ponto mais próximo do Sol) em 12 de janeiro até o último fim de semana, quando passou por Marte;
  • Sua órbita, até então, era de 50 mil anos;
  • Isso significa que a última vez que esse cometa se aproximou da Terra antes, o mundo era habitado pelos neandertais;
  • Ao viajar pelo Sistema Solar interno, o objeto sofreu influência gravitacional dos planetas, alterando sua órbita;
  • Por essa razão, ele pode nunca mais voltar a aparecer por aqui – ou, caso aconteça, será dentro de um milhão de anos.

De acordo com o Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA, a aproximação do cometa com o Sistema Solar interno (do Sol até Marte) pode ter alterado sua órbita o suficiente para garantir que ele esteja agora em uma viagem só de ida para fora daqui.

“Quando um objeto do Sistema Solar é ‘fracamente hiperbólico’ – isto é, tem velocidade suficiente para que, depois de milhares de anos, escape inteiramente da gravidade do Sistema Solar – então mesmo pequenas mudanças na velocidade podem mudar a órbita dramaticamente”, disse Geza Gyuk, cientista do Planetário Adler, um museu público em Chicago (EUA) dedicado ao estudo da astronomia e da astrofísica.

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“Se um objeto é ‘fracamente ligado’ – isto é, a órbita é uma elipse fechada, mas muito grande – então ele pode ser desvinculado e se transformar em uma órbita ‘fracamente hiperbólica’ com muita facilidade”, completou a cientista em comunicado.

Para cometas com órbitas assim, assemelhando-se a um círculo extremamente achatado, que vão muito além dos planetas do Sistema Solar, é fácil que suas trajetórias sejam perturbadas. 

Dessa forma, eles podem voar para fora do Sistema Solar completamente. Isso significa que cada vez que um cometa com uma órbita como essa retorna ao Sistema Solar interno, essa aproximação pode ser a última. Ainda segundo o comunicado emitido pelo Planetário Adler, esse poderia ser o caso do C/2022 E3 (ZTF). 

Outra alternativa é que essa perturbação gravitacional planetária pode ter colocado o cometa em uma órbita ainda mais extensa e achatada que dura um milhão de anos ou mais.

Então, das duas, uma: ou o “cometa verde” C/2022 E3 (ZTF) pode ter saído das nossas redondezas para sempre ou sua próxima passagem por aqui será dentro de, no mínimo, um milhão de anos.

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Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.