Conforme noticiado pelo Olhar Digital na semana passada, o cargueiro robótico Progress 82, da Rússia, que estava acoplado na Estação Espacial Internacional (ISS) desde outubro, sofreu uma despressurização no sistema de refrigeração, em razão de um vazamento.

Configuração da ISS antes do desacoplamento da cápsula russa Progress 82. Créditos: NASA via SpaceRef

Na noite de quinta-feira (16), a cápsula foi desacoplada do módulo Poisk do laboratório orbital às 23h26 (pelo horário de Brasília), sete dias depois que os engenheiros da Roscosmos, a agência espacial russa, detectaram o incidente.

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Tripulantes da estação foram orientados a fazer uma inspeção fotográfica da nave com o apoio do braço robótico Canadarm2 em busca de sinais de danos.

“A razão para o vazamento continua a ser investigada entre nossos especialistas e seus colegas da Roscosmos”, disse Jeff Arend, gerente do escritório de engenharia e integração da ISS no Centro Espacial Johnson, da NASA, em uma entrevista coletiva concedida na sexta-feira (17). “Uma inspeção foi concluída no início desta semana usando o Canadarm2 para coletar imagens da área suspeita, e as equipes estão avaliando essas imagens”.

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A nave de carga Progress 82, fotografada pela cosmonauta da missão SpaceX Crew-5, Anna Kikina, depois de desacoplar da ISS. Nenhum sinal de dano visual foi visto após o vazamento de líquido refrigerador. Créditos: Anna Kikina para Roscosmos

Até o momento, “nenhum dano visual foi encontrado”, segundo funcionários da Roscosmos relataram no canal oficial da agência no Telegram. No entanto, segundo Arend, “o vazamento de líquido de arrefecimento da nave de carga Progress 82 afetou os sistemas de aviônica autônoma que controlam a espaçonave, mas ela deve ser capaz de sair de órbita com segurança”.

Isso, de fato, aconteceu. A espaçonave disparou seu motor para deixar a órbita às 0h15 de domingo (19), queimando na atmosfera da Terra sobre o Oceano Pacífico, conforme relatado pela NASA em comunicado.

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Segundo vazamento em uma nave russa em dois meses

Este foi o segundo caso de vazamento de líquido de arrefecimento em uma espaçonave russa acoplada na ISS num intervalo de apenas dois meses. O primeiro foi detectado em 14 de dezembro, na cápsula Soyuz MS-22.

Segundo apontam as investigações preliminares, a causa do incidente teria sido o impacto de um micrometeoroide.

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De acordo com a NASA, a Soyuz MS-22 – que levou o astronauta norte-americano Frank Rubio e os cosmonautas russos Sergey Prokopyev e Dmitry Petelin para o laboratório orbital em setembro passado – não representa perigo para a estação ou seus tripulantes. 

No entanto, a nave não foi considerada segura o bastante para trazer os astronautas de volta à Terra, exceto no caso de ocorrer uma emergência a bordo da estação. Se uma evacuação se fizer necessária antes da chegada da cápsula MS-23 (que deve ser lançada na noite desta quinta-feira (23), Prokopyev e Petelin voltarão para casa na própria MS-22. 

Já Rubio, nesse caso, retornaria à Terra em uma cápsula Dragon da SpaceX, junto com outros quatro astronautas, com a transferência de um assento da MS-22. Isso porque ter uma terceira pessoa dentro da Soyuz sem líquido de arrefecimento durante a passagem ardente pela atmosfera do nosso planeta é considerado arriscado.

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Segundo informado por um comunicado da NASA, a cápsula Endurance (que levou os astronautas da missão SpaceX Crew-5 ao espaço) já está sendo modificada em órbita para transportar um astronauta extra de volta para a Terra, se necessário.

Um ano na Estação Espacial Internacional

Esse pequeno atraso de quatro dias no lançamento da cápsula Soyuz MS-23 não é nada perto da prorrogação que o incidente implicou na missão MS-22. 

Inicialmente, os três astronautas ficariam seis meses morando e trabalhando na ISS – ou seja, eles voltariam para casa em março. Agora, isso deve acontecer seis meses mais tarde. Em razão disso, eles vão passar em torno de um ano no laboratório orbital.

“O plano é que Frank, Dimitri e Sergey continuem a bordo por mais um tempo até voltarem para casa, provavelmente no fim de setembro”, disse Dina Contella, gerente de integração de operações da ISS na NASA, durante uma coletiva de imprensa no mês passado.

E por que isso? Pelo fato de que, como dito, a próxima Soyuz será lançada sem tripulação para trazê-los para casa. Se Rubio, Prokopyev e Petelin retornassem à Terra em março nesse veículo, a ISS ficaria com falta de pessoal até que uma nova missão Soyuz tripulada pudesse ser preparada para a decolagem.

Embora a missão Crew-6, da SpaceX, esteja programada para ser lançada no dia 26 deste mês, levando mais quatro astronautas para a ISS, os tripulantes da Crew-5 já vão retornar à Terra alguns dias depois disso.

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