Conforme vem sendo noticiado pelo Olhar Digital, um astronauta da NASA e dois cosmonautas russos estavam sem ter como voltar para casa desde que o veículo que os traria para a Terra sofreu um vazamento, no fim do ano passado.

Vazamento detectado na cápsula Soyuz MS-22, da Rússia, em 14 de dezembro de 2022. Imagem: NASA TV

Esta semana, a Rússia enviou uma nave para resgatar os três membros da Expedição 69 da Estação Espacial Internacional (ISS), que estão “presos” no laboratório orbital. 

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Lançada na última quinta-feira (23), no topo de um foguete Soyuz-2.1a, a partir do Cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, a cápsula Soyuz MS-23 está prevista para atracar no posto avançado neste sábado (25), às 10h da manhã (pelo horário de Brasília).

A ancoragem será transmitida ao vivo pela NASA, no site da NASA TV, pelo app e no canal oficial no YouTube, a partir das 9h15.

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Lançamento da nave Soyuz MS-23, na última quinta-feira (23). Imagem: Roscosmos

Vamos relembrar o caso:

  • Em 14 de dezembro, um intenso vazamento de líquido de refrigeração foi identificado na cápsula Soyuz MS-22;
  • Investigações iniciais apontam que a causa teria sido o impacto de um meteoroide;
  • A nave está ancorada na Estação Espacial Internacional desde setembro de 2022, quando chegou com dois cosmonautas russos e um astronauta dos EUA;
  • Por causa do incidente, uma nova espaçonave Soyuz foi lançada na noite desta quinta-feira para buscar os três tripulantes: o norte-americano Frank Rubio e os russos Sergey Prokopyev e Dmitry Petelin;
  • No entanto, a nave Soyuz MS-23 só deve trazê-los para casa em setembro;
  • Dessa forma, a missão original de seis meses dessa tripulação será prorrogada para um ano, de modo a evitar que a estação fique sem pessoal.

Turbulências que antecederam o lançamento da missão Soyuz MS-23

O agendamento para o lançamento da Soyuz MS-23 teve alguns tropeços. No início, a espaçonave estava programada para voar uma missão normal de substituição de tripulação no fim de junho.

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Diante da situação ocorrida com a cápsula Soyuz MS-22, a Roscosmos (agência espacial russa) optou por adiantar o envio da nave MS-23, lançando-a sem tripulação, para ter espaço para três assentos completos para a tripulação da Soyuz MS-22 presa na ISS. 

Em vez de pessoas, a espaçonave está carregando 945 quilos de suprimentos e um ursinho de pelúcia que vai servir como um indicador de microgravidade.

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Originalmente marcado para a última segunda-feira (20), o lançamento foi suspenso para que os técnicos pudessem concluir as investigações sobre o vazamento da nave Soyuz MS-22. Além disso, mais um vazamento foi detectado em outra espaçonave russa ancorada na ISS, desta vez, um cargueiro de suprimentos. 

Por essa razão, a princípio, a Roscosmos programou o lançamento da Soyuz MS-23 para março, a fim de verificar se os dois incidentes teriam alguma relação. Ao entender que os dois vazamentos não estavam ligados e foram causados por impactos distintos de meteoroides, a agência conseguiu reagendar o voo de resgate para esta semana.

A cápsula de carga, chamada Progress 82, foi desacoplada do laboratório orbital na noite de quinta-feira (16), para os técnicos tocarem, aqui da Terra, as investigações acerca do vazamento.

No caso da nave Soyuz MS-22, isso não pôde ser feito tão de imediato, já que o veículo precisou se manter atracado à ISS para o caso de alguma situação emergencial forçar a evacuação da estação e os astronautas precisarem dela para voltar para a Terra (mesmo danificada).

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Plano B para evacuação emergencial

A nave não foi considerada segura o bastante para trazer os astronautas de volta à Terra, exceto, no caso de uma emergência a bordo da estação. Se uma evacuação se fizesse necessária antes da chegada da cápsula MS-23, Prokopyev e Petelin voltariam para casa na própria MS-22.

Da direita para a esquerda: Frank Rubio, astronauta da NASA, e seus companheiros russos da missão Soyuz MS-22 Sergey Prokopyev e Dmitri Petelin. Imagem: Roscosmos

Já Rubio, retornaria à Terra em uma cápsula Dragon da SpaceX, junto com outros quatro astronautas, com a transferência de um assento da MS-22. Isso porque ter uma terceira pessoa dentro da Soyuz sem líquido de arrefecimento durante a passagem ardente pela atmosfera do nosso planeta era considerado arriscado.

Segundo informado por um comunicado da NASA, a cápsula Endurance (que levou os astronautas da missão SpaceX Crew-5 ao espaço) seria modificada em órbita para transportar um astronauta extra de volta para a Terra, caso fosse necessário.

Um ano na Estação Espacial Internacional

Inicialmente, os três astronautas da missão Soyuz MS-22 ficariam seis meses morando e trabalhando na ISS – ou seja, eles voltariam para casa em março. Agora, isso deve acontecer seis meses mais tarde. Em razão disso, eles vão passar em torno de um ano no laboratório orbital.

O plano é que Frank, Dimitri e Sergey continuem a bordo por mais um tempo até voltarem para casa, provavelmente no fim de setembro

Dina Contella, gerente de integração de operações da ISS na NASA, durante uma coletiva de imprensa no mês passado.

E por que isso? Pelo fato de que, como dito, a próxima Soyuz será lançada sem tripulação para trazê-los para casa. Se Rubio, Prokopyev e Petelin retornassem à Terra em março nesse veículo, a ISS ficaria com falta de pessoal até que uma nova missão Soyuz tripulada pudesse ser preparada para a decolagem.

Embora a missão Crew-6, da SpaceX, esteja programada para ser lançada no dia 26 deste mês, levando mais quatro astronautas para a ISS, os tripulantes da Crew-5 já vão retornar à Terra alguns dias depois disso. 

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