Um tesouro contendo joias de ouro e moedas de prata de 800 anos foi descoberto no norte da Alemanha, fornecendo pistas sobre as conexões comerciais da área na época.
Para entender:
- Detectores independentes encontraram uma bolsa enterrada em Schleswig-Holstein, no norte da Alemanha contendo brincos e anéis de ouro, além de moedas de prata;
- Hoje patrimônio mundial da UNESCO, o local onde o tesouro foi descoberto era uma antiga cidade viking que pertencia à Dinamarca;
- A região era um ponto estratégico para o comércio viking da época;
- A análise das moedas pôde determinar que o tesouro foi enterrado depois de 1234;
- Essa descoberta é rara, e não está claro se os itens eram de propriedade pessoal ou roubados.
![](https://img.odcdn.com.br/wp-content/uploads/2023/03/tesouro-viking-moedas.jpg)
“O tesouro consistia em dois brincos de ouro de altíssima qualidade com pedras semi-preciosas, um broche de ouro dourado, dois anéis inteiros também de ouro, um fragmento de anel, um pequeno disco perfurado e cerca de 30 moedas de prata, algumas delas fortemente fragmentadas”, disse Ulf Ickerodt, diretor do Departamento Arqueológico do Estado de Schleswig-Holstein (ALSH), em entrevista ao site LiveScience.
Durante décadas, arqueólogos amadores e profissionais têm trabalhado juntos para investigar a região de Schleswig-Holstein e, em particular, a antiga cidade viking dinamarquesa Haithabu, hoje patrimônio mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
Também chamado de Hedeby, em dinamarquês, o local foi a segunda maior cidade nórdica e um ponto estratégico para os vikings entre os séculos 8 e 11. Depois, foi destruído e abandonado por volta de 1066, encerrando a era viking na região.
![](https://img.odcdn.com.br/wp-content/uploads/2023/03/tesouro-viking-brincos-1024x479.jpg)
No entanto, tudo indica que um século ou dois depois disso, alguém propositalmente enterrou a bolsa cheia de objetos de valor nas proximidades.
Ao encontrar o tesouro, o grupo de detectores relatou a descoberta ao ALSH, e uma equipe de arqueólogos escavou o local, revelando os objetos.
Talvez os itens mais notáveis do achado sejam os dois brincos. “Eles provavelmente datam da época e depois de 1100 e estão na tradição dos ourives bizantinos”, disse Ickerodt.
O tesouro também continha uma imitação de uma moeda islâmica – um dinar de ouro almóada – que havia sido transformada em um broche. O Califado Almóada foi uma dinastia muçulmana que governou o sul da Espanha e o norte da África entre os séculos 12 e 13.
As 30 moedas de prata, cunhadas durante o tempo do rei dinamarquês Valdemar II, sugerem que o tesouro foi enterrado algum tempo depois de 1234.
Leia mais:
- Templo perdido de 4 mil anos é desenterrado no Iraque
- Pente feito de crânio humano pode ter sido usado em rituais
- Eremita medieval encontrada em posição estranha tinha sífilis
Natureza cosmopolita da região
Segundo estudiosos, a combinação de moedas dinamarquesas e joias do Mediterrâneo Ocidental é particularmente interessante e sugere a natureza cosmopolita da área.
“As moedas islâmicas eram bem conhecidas no sul da Escandinávia entre os séculos 9 e 11”, disse Marjanko Pilekić, um numismata (especialista em moedas) na Alemanha que não esteve envolvido na descoberta. “O dinheiro pode ter chegado a esta área em massa através de contatos comerciais de longa distância, roubo, tributo, entre outros. Era uma prática popular perfurar ou enrolar as moedas e usá-las”.
![](https://img.odcdn.com.br/wp-content/uploads/2023/03/tesouro-viking-broche.jpg)
Essa descoberta é rara, e não está claro se os itens eram de propriedade pessoal ou roubados, se deveriam ser entregues a outra pessoa ou se foram enterrados por razões ritualísticas. “Especialmente em tempos de crise”, disse Ickerodt, “o perigo resultante leva à ocultação de bens”.
Anos após o abandono da área de Haithabu, Schleswig começou a se desenvolver como um assentamento e centro comercial. “Uma extensa rede de comércio norte-sul e leste-oeste se desenvolveu aqui desde o início da Idade Média, na qual a região do Mediterrâneo, o Mar do Norte e o Mar Báltico foram integrados”, disse Ickerodt, que acredita que “o tesouro, certamente, não foi ali deixado por acaso”.
Já assistiu aos novos vídeos no YouTube do Olhar Digital? Inscreva-se no canal!