Defesa Civil confunde píton com jiboia e solta serpente exótica em parque do Rio de Janeiro

Em um vídeo postado no YouTube, biólogo Henrique alerta para erro da Defesa Civil ao introduzir uma píton no Parque Nacional da Tijuca
Layse Ventura04/03/2023 16h11, atualizada em 04/03/2023 18h52
Píton real
Imagem: Kurit afshen / Shutterstock
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Um agente da Defesa Civil confundiu uma píton com uma jiboia e soltou a serpente exótica no Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro, nesta sexta-feira, 3. A denúncia foi feita pelo biólogo Henrique, que postou o vídeo da soltura no seu canal do YouTube com quase 800 mil seguidores.

Em entrevista ao Olhar Digital, Henrique, biólogo com especialização em Herpetologia, identificou que a serpente registrada em vídeo é uma píton-real, também conhecida popularmente como píton ball ou píton bola. Para ele, a reintrodução equivocada do animal na natureza denuncia um problema maior: a falta de biólogos dentro de órgãos como a Defesa Civil e Bombeiros.

Isso demonstra que não existe um profissional devidamente habilitado dentro da Defesa Civil para fazer a identificação. Isso é muito comum nos órgãos, não tem um biólogo ali.

Henrique

Assista ao vídeo do canal Biólogo Henrique – o biólogo das cobras:

Esta não é a primeira vez que uma píton é solta no Brasil por engano. Em abril de 2022, policiais militares também confundiram a serpente exótica com a jiboia e soltaram um exemplar na mata do Distrito Federal, conforme matéria do G1.

Na ocasião, o biólogo Marco Freitas ressaltou que apesar de a píton não ser venenosa, ela representa um perigo para cães e crianças. Além disso, existe risco da espécie se adaptar ao bioma brasileiro e se tornar mais uma praga invasora no país.

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Vale lembrar que existem diversas espécies de píton e, embora elas possam ser criadas em cativeiro no Brasil, elas são naturais da Ásia e África.

Conforme o site do ICMBio, introduzir animais exóticos na natureza configura crime ambiental. Além disso, esses animais são potencialmente perigosos porque podem:

  • ameaçar espécies da fauna e flora com risco de de extinção;
  • competir com as nativas por espaço e alimentação;
  • transmitir doenças;
  • hibridizar com as espécies nativas.

No fim da tarde de sábado, o Parque Nacional da Tijuca enviou uma nota para esclarecer que monitores ambientais estão em busca da píton e informou que soltar animais (exóticos ou não) dentro do parque sem autorização prévia é proibido.

Veja a nota na íntegra:

“O Parque Nacional da Tijuca informa que monitores ambientais estão, desde o início deste sábado (4/3/2023), em busca da serpente exótica que foi solta dentro da Unidade de Conservação.

Assim que o Parque foi alertado sobre a soltura, começou a verificação para identificar o local e iniciar as buscas.

É importante esclarecer que é totalmente proibida a liberação, sem autorização prévia, de animais exóticos dentro do Parque Nacional da Tijuca, pois há vários riscos para o ecossistema da Unidade de Conservação.

Essa proibição inclui não apenas serpentes exóticas, mas, por exemplo, animais domésticos como cachorros e gatos. Espécies que não pertencem à fauna nativa podem causar desequilíbrios graves e colocar em risco a existência de toda uma fauna.

As denúncias de flagrantes, em vídeo ou fotos, podem ser feitas para [email protected].”

Até o momento de publicação desta matéria, não tivemos retorno da Defesa Civil sobre o acontecimento. Porém, vamos atualizar o conteúdo com os desdobramentos da apuração.

Com informações Brasil Escola.

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Layse Ventura
Editor(a) SEO

Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.

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