O bilionário Elon Musk, CEO da SpaceX, pretende estabelecer uma colônia em Marte com um milhão de pessoas até 2050. Mas será que essa estimativa realmente é possível visto que os humanos nem mesmo já chegaram à superfície marciana? E quanto tempo seria necessário para colonizar outro planeta?

Essas perguntas são muito debatidas pela ciência e as respostas dela dependem de qual planeta estamos falando. Para Serkan Saydam, vice-diretor do Centro Australiano de Pesquisa em Engenharia Espacial, a colonização de Marte é possível até o meio do século.

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De acordo com Saydam, o primeiro passo para que seja estabelecida uma colônia em Marte é conseguir água, essencial para a sobrevivência humana no planeta e que poderá ser extraída a partir do gelo ou de minerais hidratados. Ao mesmo tempo que o hidrogênio desses locais poderá ser útil para propelentes de foguetes.

Já outros cientistas não são tão otimistas, um deles, Louis Friedman, que é engenheiro astronáutico, em resposta ao Gizmodo em 2019 disse que acredita que é improvável que Marte seja colonizado num futuro previsível. Em resposta ao mesmo portal, o neurocientista Rachael Seidler, que já trabalhou com astronautas da NASA, acredita que esses planos são uma ilusão.

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Mesmo que a colonização de Marte não aconteça nas próximas décadas, a humanidade planeja visitar o planeta em breve. A China pretende fazer o primeiro pouso tripulado em solo marciano em 2033, enquanto os Estados Unidos têm planos para isso acontecer no final da década de 2030 ou início da década 2040 e depois disso talvez as colônias.

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Problemas na colônia

Para que uma colônia seja estabelecida em Marte, ela precisa de certa autossuficiência, já que não é possível ser completamente independente. Para Saydam, seria necessário importar algumas coisas da Terra.

A maioria dos equipamentos e ferramentas serão enviados da Terra. Não acho que você possa fabricar um caminhão na superfície de Marte.

Serkan Saydam

Além disso, alguma atividade econômica precisaria ser implementada em Marte, para tornar a colonização financeiramente viável. Entre as opções estão o turismo espacial e a mineração. A busca por materiais valiosos como a platina em asteroides vizinhos poderia desencadear uma nova economia espacial, mais investimentos e explorações. 

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Outro problema de se morar em Marte é o ambiente hostil encontrado no planeta. Cerca de 95% de sua atmosfera é composta de dióxido de carbono, sua temperatura média é de cerca de 60 graus Celsius negativos e a viagem para lá são de quase 9 meses, enquanto se é bombardeado por radiação.

Planetas fora do sistema solar

Planetas com condições melhores do que a de Marte provavelmente podem ser encontrados fora do sistema solar, mas a viagem até eles demoraria muito tempo. As espaçonaves lançadas por humanos que já foram mais longe são as Voyager 1 e 2 que demoraram 35 e 41 anos para chegarem ao espaço interestelar, os exoplanetas estão muito mais distantes.

Com as tecnologias atuais, o planeta fora do sistema solar mais próximo levaria dezenas de milhares de anos para ser alcançado, o que faz com que a ideia de colonizar eles seja praticamente impossível. O astrofísico Frédéric Marin faz diversas simulações sobre viagens interestelares e acredita que no futuro as espaçonaves serão muito mais rápidas e tornarão isso possível.

Sabemos na ciência que a cada cem anos, a cada século, a velocidade de seus meios de propulsão aumenta por um fator de 1

Frédéric Marin, em resposta a Live Science

A estimativa de Marin é que a cada novo século a tecnologia nos permita viajar pelo espaço 10 vezes mais rápido que no anterior. Ele acredita daqui a algumas centenas de anos a viagem possa durar apenas 500 anos, o que exigirá várias gerações de humanos para levar a espaçonave ao exoplaneta e construir uma colônia, mas essa hipótese levanta questões éticas e incertezas, principalmente se a humanidade vai existir até lá, visto as mudanças climáticas que assolam o planeta.

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