Nesta sexta-feira (2), pela primeira vez na história, foi realizada uma transmissão ao vivo de longa duração diretamente de Marte. A responsável pelo acontecimento é a Agência Espacial Europeia (ESA), que programou a empreitada inédita como parte das comemorações do 20º aniversário da missão Mars Express.

Conforme o planejado, a live começou pontualmente às 13h (pelo horário de Brasília), no canal oficial da ESA no YouTube, e teve uma hora de duração.

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Isto será o mais próximo que você pode chegar de uma visão ao vivo do Planeta Vermelho

Agência Espacial Europeia, em comunicado de divulgação do evento

Durante a transmissão, Marte e Terra estavam a pouco mais de 301 milhões de km de distância um do outro, em posições no espaço favoráveis para o mínimo delay possível (atraso entre a captura e a chegada das imagens). De acordo com o informado, o tempo de percurso do sinal era de 16min44s.

A cada cerca de 50 segundos, novos registros capturados pela Câmera de Monitoramento Visual (VMC) a bordo do orbitador Mars Express eram recebidos por uma antena espacial de 35 m de profundidade da Estação Cebreros, na Espanha, localizada a cerca de 10 km a leste da cidade de mesmo nome e a 90 km de Madrid. Devido ao tempo instável na região, em determinado momento esse receptor teve dificuldades para captar o sinal, motivo pelo qual as imagens pararam de ser atualizadas durante alguns minutos. 

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Imagem que abriu a primeira live de longa duração da história a exibir Marte. Os registros foram feitos pela Câmera de Monitoramento Visual (VMC) do satélite europeu Mars Express, posicionado na órbita de Marte, e enviados para um receptor na Espanha, com um intervalo de pouco mais de 16 minutos. Crédito: Agência Espacial Europeia

Por que essa live de Marte é histórica

Segundo a ESA, imagens vindas de Marte podem levar até 22 minutos para chegar à Terra, dependendo das posições relativas dos dois planetas na órbita ao redor do Sol.

É também por isso que não há notícias verdadeiramente “ao vivo” do espaço, pois somos limitados pela velocidade da luz que atravessa grandes distâncias.

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A maioria das observações feitas por espaçonaves ocorre durante períodos em que elas não estão em contato direto com uma antena de recepção na Terra – por uma questão de distância, localização no espaço ou posicionamento da antena transmissora apontando para outra direção enquanto coleta dados científicos.

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Isso não é problema para os pesquisadores. Os dados são armazenados e enviados algumas horas ou até dias depois, quando a espaçonave está em contato com a Terra novamente. No caso do satélite Mars Express, a cada dois dias um novo lote é baixado, processado e disponibilizado para o mundo.

Há apenas alguns exemplos de imagens em tempo real do espaço, como as missões DART e LCROSS, da NASA, que filmaram a visão enquanto colidiam intencionalmente com o asteroide Dimorphos e a Lua, respectivamente. Além, é claro, das missões Apollo, que transmitiram vídeos espetaculares do globo e de astronautas caminhando na superfície lunar.

Essas missões, porém, estavam todas bem perto de casa. As mais distantes enviaram talvez uma ou duas imagens em tempo quase real.

É bem verdade que houve a transmissão “ao vivo” do pouso do rover Perseverance em Marte, pela NASA, em 2021. No entanto, o delay foi maior do que desta vez, além do fato de que, no que se refere a uma transmissão de longa duração em tempo real do espaço profundo, esta é pioneira.

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