Denúncia: Instagram promove redes pedófilas, segundo jornal

Investigações do Wall Street Journal revelam que os algoritmos do Instagram promovem uma grande rede de pedofilia
Por William Schendes, editado por Bruno Capozzi 07/06/2023 16h29, atualizada em 08/06/2023 20h44
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Investigações do Wall Street Journal junto de pesquisadores das universidades de Stanford e Massachusetts Amherst revelam que o Instagram ajuda a conectar e promover uma grande rede de contas dedicadas à divulgação e promoção de conteúdo sexual de crianças e adolescentes.

Conforme relata a reportagem, o Instagram, diferente de fóruns criminosos da internet, não apenas hospeda conteúdos ilícitos envolvendo menores de idade, mas também promove essas atividades ilícitas por meio do seu algoritmo.

O algoritmo da rede social permite a conexão entre pedófilos e vendedores de conteúdos criminosos por meio do sistema de recomendação.

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Os pesquisadores revelam que a rede social permitia que os usuários usassem hashtags explícitas em inglês como #pedowhore, #preteensex e #pedobait — todas relacionadas à pedofilia — para que as contas pudessem localizar anúncios desse tipo de material no Instagram.

Os perfis pedófilos divulgavam opções de compra e encomenda de vídeos e imagens, incluindo automutilação e zoofilia. As contas afirmavam ser administradas por crianças.

A Meta se pronunciou sobre a investigação, reconheceu os problemas de fiscalização e afirmou que montou uma força-tarefa interna para tratar das questões.

A exploração infantil é um crime horrível. Estamos continuamente investigando maneiras de nos defender ativamente contra esse comportamento.

Meta.

Ainda de acordo com o WSJ, a Meta disse que apenas em janeiro removeu 490 mil contas que violavam as políticas de segurança infantil. Nos últimos dois anos, derrubou 27 redes pedófilas e está planejando mais remoções. 

Com as novas denúncias, a rede social disse que bloqueou milhares de hashtags que envolvem a sexualização de crianças.

A investigação também descobriu que a moderação do Instagram frequentemente ignorava ou rejeitava denúncias de materiais com abuso infantil.

Isso ficou mais claro quando usuários relataram postagens e contas com conteúdos criminosos. A rede social apresentava a mensagem automática: “devido ao grande volume de relatórios que recebemos, nossa equipe não conseguiu revisar essa postagem”.

Alex Stamos, chefe do Observatório da Internet de Stanford e ex-diretor de segurança da Meta, disse que controlar esses abusos deve ser um esforço contínuo da empresa.

O fato de uma equipe de três acadêmicos com acesso limitado poder encontrar uma rede tão grande deveria disparar os alarmes na Meta. Espero que a empresa reinvista em investigadores humanos.

Alex Stamos, chefe do Observatório da Internet de Stanford.

Outras redes sociais

  • A investigação conduzida pela Universidade de Stanford identificou 128 contas que vendiam conteúdos de abuso sexual infantil no Twitter, que, diferentemente do Instagram, não promovia as contas com seus algoritmos;
  • Recentemente, pesquisadores do observatório da internet de Stanford disseram que o Twitter falhou ao impedir que imagens relacionadas à pedofilia fossem publicadas na rede social;
  • O relatório mostra que no TikTok esse tipo de conteúdo não tinha capacidade de se “proliferar”;
  • O SnapChat também não promoveu ativamente as redes de perfis pedófilos, pois a plataforma é focada nas mensagens diretas.

Hacker brasileiro descobre redes de perfis pedófilos

  • No ano passado, o hacker brasileiro ex-anonymous “Ghost” entrou em contato com o Olhar Digital para denunciar uma rede de perfis que promoviam fotos de crianças e adolescentes sendo sexualizados; 
  • Após diversas denúncias de usuários que não conseguiram remover os perfis, o hacker agiu por conta própria para derrubar as contas;
  • Durante a produção da matéria, Ghost descobriu outros perfis que, inclusive, direcionavam para sites de pornografia infantil explícita;
  • Na época, a Meta não se pronunciou diretamente sobre as contas mencionadas pela publicação, mas afirmou que trabalha proativamente para combater conteúdos de abuso ou exploração infantil.
  • Para mais informações sobre o caso, acesse a matéria completa.

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Jornalista em formação pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Mesmo com alguns assuntos negativos, gosta ficar atualizado e noticiar sobre diferentes temas da tecnologia.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.