Home office pode gerar uma crise imobiliária?

Com trabalhadores em home office, ocupações de imóveis comerciais estão baixas. Exemplos dos EUA ligam um alerta sobre crise imobiliária
Por Vitoria Lopes Gomez, editado por Bruno Capozzi 17/06/2023 09h05, atualizada em 21/06/2023 21h21
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O prédio da 555 California Street, em São Francisco, abriga escritórios de grandes empresas e bancos, e está mais vazio do que nunca. A diminuição no número de pessoas faz parte do desafio das companhias de trazer os funcionários de volta do home office após a pandemia. O esforço não está funcionando tão bem e os números de imóveis vazios podem ser o início de uma crise imobiliária comercial e bancária.

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Home office: tendência pós-pandemia

  • Pessoas que trabalham no prédio e falaram em condição de anonimato ao The Washington Post contaram como nunca viram o prédio tão vazio. As fontes também descrevem como os imóveis comerciais da região estão tendo que abaixar os preços de locação para atrair clientes.
  • Isso acontece porque boa parte dos funcionários desses centros comerciais não querem retornar ao trabalho presencial, o que diminui o movimento também nos comércios e serviços ao redor desses locais.
  • Segundo a CBRE, empresa de investimentos dos EUA, a ocupação dos escritórios na cidade está em torno de 30%.
  • Já segundo o The Wall Street Journal, a torre de escritórios 350 California, a um a quarteirão da 555 California, foi vendido por US$ 60 milhões — 80% menos do que era vendido há quatro anos.
  • Enquanto algumas empresas já aceitaram isso e abraçaram o trabalho remoto, outras ainda resistem e enfrentam os desafios dos escritórios vazios.
  • Apesar do debate sobre os níveis de ocupação desses espaços, especialistas afirmam que o número nunca voltará ao que era antes de 2020.
555 California Street, em São Francisco (Imagem: Vornado Realty Trust)

Início da crise imobiliária

O 555 Californa Street, da Vornado Realty Trust e da Trump Organization, abriga empresas como Kirkland & Ellis e o banco Morgan Stanley, e mesmo assim está tendo dificuldade em pagar as contas: os co-proprietários pediram mais tempo para pagar o empréstimo de US$ 1,2 bilhão usado para comprar o prédio.

Já o proprietário do famoso hotel Hilton em Union Square, também em São Francisco, desistiu de pagar o empréstimo de US$ 725 milhões e vai retornar a propriedade ao credor. Os donos culparam o lento retorno ao trabalho e os escritórios vagos pela decisão.

Esse pode ser o início da crise imobiliária no que diz respeito aos imóveis comerciais. Segundo o provedor de dados imobiliários Trepp, no início deste mês, cerca de US$ 270 bilhões em empréstimo bancários dessas propriedades vencem em 2023 — e há um alto risco de inadimplência.

Visão interior do 555 California Street, em São Francisco (Imagem: Vornado Realty Trust)

Crise bancária

Especialistas afirmam que, se esses proprietários de imóveis comerciais dependem das pessoas nos escritórios e elas não estão lá, há grande chance de que não consigam pagar seus empréstimos.

Isso significa que os valores serão acumulados e prejudicarão o sistema bancário.

Segundo Mark Zandi, economista-chefe da Moody’s Analytics, esse acúmulo pode levar a falências de bancos.

Soluções

Porém, especialistas dizem que essa situação já é conhecida há muito tempo e o pior pode ser evitado.

Os bancos podem renegociar os empréstimos, por exemplo, como aconteceu com o 555 California Street; essa é uma estratégia bancária de diluir as consequências durantes vários anos.

Segundo Tracy Hadden Loh, membro da Brookings Institution, que pesquisa imóveis e cidades, a estratégia é do interesse tanto do sistema imobiliário quanto bancário, já que nenhum dos dois setores quer colapsar.

Home office é capaz de diminuir emissões de carbono em 90%

Para muitas pessoas, o deslocamento ideal é uma caminhada curta ou um passeio de bicicleta até um escritório próximo — sem envolver longa viagem no trânsito ou várias transferências em transporte público.

Se você está tentando convencer sua empresa a deixá-lo em home office, trabalhar em espaço de coworking próximo ou a montar escritório satélite em sua vizinhança, aqui está outro argumento: isso pode ajudar a reduzir as emissões de carbono.

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Com informações de The Washington Post

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Vitória Lopes Gomez é jornalista formada pela UNESP e redatora no Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.