Os cabeças de Microsoft e Activision defenderam a fusão planejada de suas empresas nesta quarta-feira (28), contando em audiência que pode decidir o destino do negócio de US$ 75 bilhões (R$ 363,9 bilhões) que eles não bloqueariam a concorrência se a aquisição fosse aprovada.

O presidente-executivo da Microsoft, Satya Nadella, disse que a gigante dos softwares continuará a disponibilizar os jogos da Activision em outras plataformas assim que adquirir a empresa.

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A Microsoft não dependerá da estratégia de tornar os jogos exclusivos para ficar à frente da concorrência, disse ele. “Eu adoraria me livrar dos exclusivos nos consoles, mas isso não cabe a mim definir”, afirmou. “Não tenho amor por esse mundo.”

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Já o CEO da Activision, Bobby Kotick, fez promessas semelhantes de que seus jogos, incluindo a franquia Call of Duty, permaneceriam disponíveis para o PlayStation, da Sony, que compete com o Xbox da Microsoft.

“Isso causaria danos à reputação da empresa”, se Call of Duty fosse removido do console da Sony, disse ele. “Sempre dissemos que somos uma empresa multiplataforma e estaríamos disponíveis em todas as plataformas.”

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  • A Comissão Federal de Comércio dos EUA está buscando liminar para impedir que a Microsoft feche o negócio antes que a comissão faça apelo sobre a aquisição em seu tribunal administrativo interno;
  • O processo, em São Francisco, perante a juíza distrital dos EUA, Jacqueline Scott Corley. emergiu como um dos maiores desafios para a abordagem mais agressiva do governo Biden para a aplicação antitruste.

Bloqueio da concorrência?

As discussões sobre se a Microsoft usaria a aquisição para cortar seus concorrentes estiveram no centro da audiência que começou na semana passada. Os críticos do acordo estão preocupados de que o controle da franquia possa dar à Microsoft vantagem injusta.

  • Uma decisão a favor da FTC impediria a fusão das duas empresas e poderia anular todo o negócio;
  • A Microsoft disse, durante a audiência, que consideraria desistir do negócio se perder, porque o processo judicial interno da FTC, que está programado para começar em agosto, pode durar anos;
  • Se a FTC perder no tribunal de São Francisco, ela pode desistir de contestar a fusão em vez de prosseguir e arriscar novos precedentes desfavoráveis.

O que as partes alegam

  • A FTC está argumentando que o acordo pode sufocar a concorrência, já que o controle de Call of Duty e outros jogos pode dar à Microsoft a capacidade de acabar com a concorrência, inclusive no crescente mercado de jogos em nuvem;
  • A Microsoft diz que o acordo aumentaria a concorrência, em parte ao trazer os jogos da Activision para plataformas onde atualmente não estão disponíveis.

Nadella disse, nesta quarta-feira (28), que a estratégia da empresa em videogames é semelhante à de seus outros produtos, como o popular pacote Office de software empresarial, disponível em sistemas operacionais concorrentes, como o da Apple. “Quero fazer o mesmo com os jogos”, disse o CEO da Microsoft.

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Embora os reguladores de União Europeia, China e outros mercados tenham aprovado a transação, a Autoridade de Concorrência e Mercados do Reino Unido a bloqueou em abril, após investigação de meses.

A audiência está marcada para terminar nesta quinta-feira (29). Jim Ryan, chefe do negócio de videogames do Sony Group, prestou depoimento por vídeo no início da semana. O PlayStation lidera no mercado de consoles. A empresa está entre os críticos mais veementes do acordo.

Histórico do acordo

A Microsoft anunciou seus planos de comprar a Activision em janeiro do ano passado e avaliou o negócio em US$ 69 bilhões (R$ 334,8 bilhões) após ajustar o caixa líquido da editora de videogames.

A FTC entrou com processo para bloquear o acordo em dezembro. Desde então, a Microsoft ofereceu compromissos para tornar os jogos da Activision igualmente acessíveis a fabricantes de console rivais e empresas de jogos em nuvem por período de dez anos. Fez acordos com Nintendo, Nvidia e outros. A companhia diz que fez oferta semelhante à Sony.

Se o tribunal negar o pedido de liminar da FTC, a comissão poderá continuar seu processo interno separado, mas a FTC geralmente desiste de sua oposição a um acordo se um juiz negar liminar.

No início deste ano, a FTC abandonou seu processo judicial interno contra a aquisição da empresa de realidade virtual Within Unlimited pela Meta depois que um juiz em San Jose, Califórnia, negou pedido de liminar.

Com informações de The Wall Street Journal

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