Oppenheimer” tem sido um estrondoso sucesso de bilheteria. O filme estreou nas salas brasileiras em 20 de julho, sendo um dos longas mais aguardados de 2023. 

A produção tem a direção de Christopher Nolan e conta a história do físico J. Robert Oppenheimer, considerado o “pai da bomba atômica”, vivido por Cillian Murphy, o Thomas Shelby da série “Peaky blinders”.

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No entanto, mesmo com todo o sucesso do filme, talvez haja motivos para NÃO assistir a “Oppenheimer” nos cinemas. Veja se eles fazem sentido para você:

Valor alto dos ingressos

Preço é algo sempre relativo: depende do dono do bolso. A questão é que a campanha de marketing de Oppenheimer bateu forte no fato de que o diretor, Christopher Nolan, optou por produzir o longa usando uma tecnologia, digamos, mais antiga: Oppenheimer foi inteiramente produzido em filme, película mesmo, diferente da maioria das produções atuais, que lançam mão de câmeras digitais.

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A Kodak chegou a produzir filmes especiais para que Christopher Nolan pudesse captar suas imagens em 65mm e exibi-las em salas IMAX. Aliás, como parte do “hype”, o marketing fez questão de lembrar que apenas cerca de 30 salas ao redor do mundo são capazes de exibir o filme como o diretor realmente o concebeu. A pergunta que fica é: para nós, meros, espectadores, faz sentido pagar mais para assistir ao filme num grande tela IMAX (ainda que não tenhamos IMAX 70mm no Brasil, temos várias salas IMAX por aqui)?

A pergunta cabe porque, como se viu, Oppenheimer é um filme muito baseado em cenas de diálogo, com planos mais “fechados” em boa parte das 3 horas de exibição. O contraste é grande quando comparamos com produções, como o último capítulo de Missão Impossível, por exemplo, que abusa de grandes tomadas. Então, voltamos à pergunta: será que realmente vale pagar a mais por um ingresso IMAX para assistir Oppenheimer? Apesar de todo o hype em torno do formato usado pelo diretor?

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Falta de educação dos espectadores

Esse não é um problema relacionado exclusivamente a Oppenheimer, mas é uma incômoda realidade. A falta de “etiqueta” entre os frequentadores de cinemas tem se tornado um problema significativo nos últimos tempos. Raramente você terá a sorte de não se deparar com pessoas conversando em voz alta e utilizando celulares. Luzes de telas, fotos sendo batidas, registros em vídeo, troca mensagens de texto e navegação em redes sociais durante as sessões parece que estão virando lugar comum.

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Em um filme como Oppenheimer, em que os diálogos se sobrepõem à ação e em que o se discute são assuntos relativamente complexos – criação da bomba atômica já é um tema relativamente exotérico, se você somar a isso as intrigas da política da caça às bruxas nos EUA -, dá para ter uma ideia de você VAI precisar prestar – e muito – atenção nesses diálogos. Nesse contexto, ter gente mais preocupada em mandar conteúdo para o Instagram ou para TikTok na poltrona do lado pode ser um forte motivo para esperar sair em streaming.

Pôster do filme Oppenheimer
(Imagem: Divulgação)

Duração do filme

Esse é um ponto que realmente divide opiniões. Muita gente hoje em dia não consegue se imaginar sentado por várias horas ininterruptas assistindo a um filme. Para essas pessoas, a instituição do controle remoto necessário para pausas se tornou indispensável. Como não dá para fazer isso num cinema, as 3 horas de Oppenheimer podem ser um desafio.

O som

Se você resolveu ler esse post, é porque está interessado em visões diferentes e, talvez, polêmicas. Uma delas une tecnologia e opções estéticas do diretor. A tecnologia vem embalada na campanha de marketing que, como já dito lá atrás na matéria, bateu forte na tecla IMAX.

Acontece que a tecnologia não entrega apenas telas gigantes. Aposta, também, em som de altíssima qualidade, com dezenas de caixas acústicas espalhadas pelas salas. Isso faz o deleite de muitos – esqueça o áudio “sem peso” de muitos cinemas, prepare-se para graves retumbantes e agudos ferinos. Numa sala IMAX, o som, sem dúvida, é um coadjuvante importante. E isso fica bastante claro em Oppenheimer.

Christopher Nolan é um direto de superlativos. “Interestelar”,”Dunkirk” e “Tenet” e a sua sequência de filmes do Batman estão aí para provar. Em seus filmes, a trilha sonora é quase um ator principal da narrativa. Em Oppenheimer, não é diferente.

No filme, ele claramente optou por uma linha mais Stravinsky – o famoso compositor clássico russo, radicado nos EUA – que influenciou boa parte da história das trilhas sonoras do cinema norte-americano. São trilhas vigorosas, às vezes estridentes, sem dúvidas, sempre fortes. E aí, voltamos à questão tecnológica: num filme recheado pelos diálogos que ocupam boa parte das 3 horas de exibição, a trilha sonora marcante, reproduzida à exatidão pelos alto-falantes alinhados a laser de uma sala IMAX, pode ser extenuante para os mais sensíveis.

Imagem: Divulgação/Universal Pictures

A evolução das telas de casa

A experiência de ir ao cinema e assistir a obras em grandes telas, com som multicanal é única. O ritual de sair de casa, passar pela bilheteria (ou apenas exibir o QR Code do ingresso comprado online), com direito à compra de pipoca ou não, faz parte de uma experiência que os serviços de streaming não conseguem reproduzir. Mesmo que você seja milionário e tenha uma sala de cinema IMAX na sua casa (sim, isso já existe em algumas mansões) – a experiência, ainda assim, será diferente.

Mas, aqui, é preciso apenas lembrar que com a chegada da reprodução de imagens Dolby Vision ou Dolby Atmos aos serviços de streaming, talvez nunca tenhamos tido um grau tão grande de qualidade em nossas TVs. Claro que para ter acesso a toda essa qualidade, você vai precisar ter uma TV mais recente. E, para ter um som com qualidade que pelo menos acompanhe isso, você vai precisar de um receiver A/V (áudio e vídeo) e caixas acústicas à altura.

Então, se você tem acesso a tudo isso, assistir a filmes em casa pode estar mais perto das sensações que um sala de cinema oferece – ainda que, como dito, não seja possível reproduzir tudo. Aí, cabem escolhas. Alguns filmes realmente valerão seu esforço de participar do ritual de sair de casa e ir ao cinema. Outros, talvez, possam ser reproduzidos no conforto da sua sala sem que você perca muitos elementos narrativos da obra – só ficam de fora, mesmo, as oportunidades de uma “esticadinha” para um sorvete ou um passeio depois da sessão de cinema.

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