Google e Universal Music negociam o licenciamento de melodias e vozes de cantores para a criação de músicas geradas por inteligência artificial (IA).

A ascensão da IA generativa tem levado à criação de diversas canções deepfake que imitam de forma convincente as vozes, letras ou sons de artistas consagrados, muitas vezes sem seu consentimento.

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A Universal Music, a partir de seu advogado geral, Jeffrey Harleston, afirmou que “a voz de um artista costuma ser a parte mais valiosa de seus rendimentos e sua personalidade pública e, roubá-la, em qualquer meio, é errado”, e tem buscado formas de monetizar essa nova tecnologia.

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As discussões entre o Google e a Universal Music estão em estágio inicial e visam desenvolver uma ferramenta para que os fãs criem faixas de forma legítima e paguem pelos direitos autorais. A Warner Music também está conversando com o Google sobre um produto semelhante, segundo a Folha de S.Paulo.

Músicas IA

Entre alguns casos famosos de artistas que tiveram suas vozes usadas irregularmente, estão:

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  • Frank Sinatra, que teve sua voz usada em versão da música “Gangsta’s Paradise”;
  • Johnny Cash, em nova versão do pop “Barbie Girl”;
  • Tupac e Notorious B.I.G., com várias músicas lançadas pelo usuário do YouTube, PluggingAI;
  • The Weeknd e Drake, em música “nova”.

A indústria da música compara a chegada das músicas geradas por IA aos primeiros dias do YouTube, quando surgiram problemas de violação de direitos autorais. No entanto, agora, os dois lados estabeleceram sistema que gera cerca de US$ 2 bilhões (R$ 9,7 bilhões) por ano para a indústria musical por meio dos vídeos gerados por usuários.

Alguns artistas ficaram apreensivos com o surgimento de versões falsas de suas canções e vozes, temendo que seu trabalho seja diluído entre as deepfakes. A Universal Music, que representa Drake, Taylor Swift, entre outros grandes artistas, removeu a canção com as vozes de Drake e The Weeknd de plataformas de streamings por violação de direitos autorais.

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Mas outros, como a artista eletrônica Grimes, têm adotado a tecnologia e até oferecido sua voz para canções geradas por IA e dividir os royalties. Paul McCartney, ex-integrante dos Beatles, sinalizou que a voz de John Lennon será utilizada via IA em nova canção.

Grimes, em entrevista à Wired, afirmou que, na mescla de IA e música, “há algumas coisas boas”, dizendo ainda que “elas estão na linha do que meu novo álbum podrá ser, o que foi meio perturbador” e que “‘oh, eu posso viver para sempre’. Eu apoio a autorreplicação”.

A Universal Music pediu, em abril, ao Spotify e à Apple que evitem o acesso de desenvolvedores que usam tecnologia de IA aos seus catálogos de músicas sem permissão ou pagamento.

Já Robert Kyncl, executivo-chefe da Warner Music, afirmou, na terça-feira (8), a investidores, que, “com a estrutura certa no lugar”, a IA pode “permitir que os fãs prestem a seus heróis o maior tributo por meio de novo nível de conteúdo direcionado ao usuário… incluindo novas versões cover e mash-ups”. Sobre o que os artistas podem pensar sobre isso, “alguns podem não gostar, e isso é totalmente certo”.

O Google já lançou a ferramenta experimental MusicLM e está trabalhando em colaboração com artistas para desenvolvê-la. Para a gigante das buscas, a criação de um produto nesse segmento pode ajudá-la a competir com suas grandes rivais nesse mercado (mesmo já tendo o chatbot Bard).

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