Cientistas descobriram que Saturno, já visto como o mais tranquilo entre os gigantes gasosos do Sistema Solar, é atormentado por megatempestades de longa duração que se estendem por séculos, causando turbulência na atmosfera profunda do planeta dos anéis.

De acordo com o estudo, publicado este mês na revista Science Advances, essas megatempestades, com um padrão de ocorrência a cada 20 a 30 anos, apresentam algumas semelhanças com furacões terrestres, porém em escala muito maior. No entanto, diferentemente dos furacões, que se alimentam da energia dos oceanos, as megatempestades de Saturno são abastecidas por mecanismos desconhecidos na rica atmosfera de hidrogênio e hélio do planeta.

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Imagem em falsa cor da sonda Cassini, da NASA, mostra nuvens de tempestades no hemisfério norte de Saturno. Crédito de imagem: NASA/JPL-Caltech/Space Science Institute/Kevin M. Gill

Para tentar entender o mistério, os autores do novo estudo, pesquisadores da Universidade da Califórnia-Berkeley e da Universidade de Michigan, ambas instituições norte-americanas, analisaram as interrupções na distribuição de gás amônia detectadas nas profundezas da atmosfera saturniana pelo radiotelescópio Karl G. Jansky Very Large Array (VLA), no Novo México.

Essa abordagem permitiu observar minuciosamente as camadas daquela atmosfera e compreender processos químicos e físicos subjacentes à formação de nuvens e à transferência de calor.

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Analisando as concentrações de amônia, a equipe revelou conexões com megatempestades anteriores que impactaram o hemisfério norte do planeta. Os resultados indicaram uma menor concentração desse gás nas latitudes médias, sugerindo uma camada superior de nuvem de gelo de amônia. 

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Aumentos nas concentrações a uma profundidade de 257 a 515 km foram atribuídos ao transporte descendente de amônia, possivelmente na forma de chuva, e vinculados às megatempestades que podem durar centenas de anos.

Além de ampliar a compreensão dos cientistas sobre os gigantes gasosos, esse estudo poderá influenciar a busca por megatempestades em exoplanetas gasosos fora do nosso Sistema Solar. “Essa investigação nos leva a repensar o cosmos e nossos modelos terrestres”, disse o professor assistente da Universidade de Michigan, Cheng Li, principal autor do estudo em um comunicado.

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