Você sabia que peixes podem morrer afogados?

As altas temperaturas do oceano reduzem os níveis de oxigênio da água, podendo ocasionar na morte de muitos peixes
Por Mateus Dias, editado por Lucas Soares 28/08/2023 21h11
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A temperatura da água é muito importante para a sobrevivência de alguns peixes que vivem em oceanos abertos. Se ela estiver excepcionalmente quente, os níveis de oxigênio no mar diminuem e esses animais acabam morrendo afogados.

À medida que as temperaturas oceânicas aumentam, o nível de oxigênio dissolvido na água diminui. Ao mesmo tempo, o calor aumenta a taxa metabólica dos peixes, necessitando de mais energia e oxigenação. Sem oxigênio, esses animais terão que retirar energia de outros processos, como reprodução e crescimento, podendo causar a morte deles.

Desde abril, a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos vem monitorando as temperaturas oceânicas. Milhares de peixes mortos já chegaram às áreas costeiras da Flórida e do Texas e em agosto, durante uma semana inteira, as temperaturas do Oceano Atlântico e do Golfo do México ultrapassaram 31° C.

Além da morte por falta de oxigênio, chamada de hipóxia, as altas temperaturas também acarretam o aumento da salinidade do oceano, resultando em uma combinação estressante para os peixes. Animais que vivem em baías e estuários são mais tolerantes a essas condições, já os peixes que vivem em oceanos abertos estão acostumados com ambientes estáveis, não sendo tão resilientes às mudanças.

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Até 2080, cerca de 70% dos oceanos globais irão sofrer perda de oxigênio devido às altas temperaturas, segundo um estudo de 2021, publicado na Geophysical Research Letters. No entanto, de acordo com o pesquisador Martin Grosell, professor e presidente do Departamento de Biologia Marinha e Ecologia na Escola Rosenstiel de Ciências Marinhas, Atmosféricas e da Terra da Universidade de Miami, é difícil prever até que ponto as atuais ondas de calor marinha irão afetar a população global de peixes.

Provavelmente não é bom, mas tentar determinar o impacto de uma onda de calor marinha isolada, como a que estamos vivendo este verão, nas populações de peixes é difícil para nós determinarmos. O que é importante perceber é que estas ondas de calor marinhas estão ocorrendo com mais frequência e são de maior gravidade do que costumavam ser com outros estressores.

Martin Grosell, em comunicado

Atividades de migração de peixes de áreas mais quentes para mais frias e com maior oxigenação já estão sendo observadas. Além disso, fisiologistas de peixes apontam que os peixes ficarão menores à medida que os oceanos continuam aquecendo.

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Redator(a)

Mateus Dias é estudante de jornalismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é redator de Ciência e Espaço do Olhar Digital

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.