Se você não aceita o compartilhamento de seus dados para anúncios personalizados para seu perfil, você aceitaria, no lugar, pagar uma taxa mensal?

Pois é o que a Meta está querendo fazer. Usuários europeus poderão ter que pagar US$ 14 (R$ 70,88) por mês para usar o Instagram sem anúncios no smartphone, e US$ 17 (R$ 86,07) para usar a rede social de fotografias e o Facebook no PC, segundo reportagem exclusiva do The Wall Street Journal.

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Como funcionaria a cobrança

  • A medida valeria para os que não aceitarem que a companhia de Mark Zuckerberg utilizem suas atividades digitais em prol de anúncios;
  • As informações estão em proposta que a empresa fez a reguladores há algumas semanas;
  • A proposta seria uma forma de contornar as leis da União Europeia (UE) que restringem a exibição de anúncios personalizados aos usuários seu consentimento prévio.

Executivos da Meta detalharam o projeto em encontros realizados no mês passado com reguladores de privacidade na Irlanda e com reguladores de concorrência digital em Bruxelas (Bélgica). Contudo, o plano também foi exposto a alguns reguladores da UE.

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A empresa comentou com os reguladores que espera começar a cobrar de seus usuários europeus nos próximos meses. O projeto se chama subscription no ads (assinatura sem anúncios, ou SNA, da sigla em inglês).

Ele dará ao usuário a possibilidade de escolher entre continuar o acesso ao Instagram e ao Facebook sem custos, mas com anúncios personalizados, ou pagar para usar as redes sem anúncios.

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Além dos valores regulares por conta, a empresa pode cobrar cerca de 6 € (R$ 31,80) por conta adicional. Já nos dispositivos portáteis, o preço pode subir para 13 € (R$ 68,89), pois a Meta levaria em consideração as comissões cobradas por Apple e Google em seus respectivos sistemas de pagamentos usados em suas lojas de aplicativos.

“Você não precisa de milhares de dólares para se conectar com pessoas que usam nossos serviços”, disse Zuckerberg em conferência de 2018, em investigação não tão velada sobre a rival Apple, onde o CEO, Tim Cook, por sua vez, condenou o que ele chamou de “complexo industrial de dados”.

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Contudo, os europeus podem ficar tranquilos, pois a medida não deve ser colocada em prática tão cedo assim. Isso porque a proposta da Meta acabaram de ser apresentadas e serão analisadas para que se chegue a consentimento antes do processamento dos dados do usuário.

Não se sabe se os reguladores irlandeses e belgas vão levar em consideração o novo plano da empresa e equipará-lo às leis em vigor na UE (ou seja, se ele é compatível) ou se insistirão que a Meta ofereça versões mais baratas, ou, até mesmo, gratuitas e com anúncios, mas sem conteúdo personalizado com base na atividade digital do usuário.

O que preocupa os reguladores é se os valores cobrados pela Meta serão caros para muitas pessoas, mesmo se não quiserem seus dados usados por anúncios personalizados.

Um porta-voz da Meta afirmou que a companhia acredita em “serviços gratuitos bancados por anúncios personalizados”, mas que está explorando “opções para garantir que nos preocupamos com As regulamentações”.

Já o porta-voz da Comissão de Proteção de Dados da Irlanda, que lidera os esforços pela lei de privacidade da UE para a Meta, pois ela tem um escritório irlandês, não respondeu aos questionamentos do WSJ. O mesmo vale para a Comissão Europeia, que impõe a lei de livre concorrência.

Por sua vez, o braço executivo da UE disse, no mês passado, que o Instagram, o Facebook e a rede de publicidade da Meta ficariam abrangidos pelo âmbito da nova lei de concorrência digital do bloco, a Lei dos Mercados Digitais.

Essa lei exige o consentimento do usuário antes de mesclar dados de usuários entre seus serviços ou combiná-los com dados de outras empresas. A Meta disse que espera que seu plano de assinatura cumpra ambos os decretos.

De acordo com a legislação da UE, um utilizador que se recuse a dar consentimento para determinada utilização de dados ainda deve poder aceder a um serviço.

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