Impressão 3D pode ser utilizada para reparar lesões cerebrais, mostra estudo

Um estudo da Universidade de Oxford demonstrou que células neurais impressas em 3D podem ajudar a reparar lesões cerebrais.
Por William Schendes, editado por Lucas Soares 17/10/2023 14h58
Cérebro
Imagem: Gorodenkoff/Shutterstock
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Uma técnica desenvolvida por pesquisadores da Universidade de Oxford demonstrou potencial em fornecer reparos personalizados em lesões cerebrais utilizando células neurais feitas com impressão 3D.

  • Cerca de 70 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem com lesão cerebral traumática (TCE, na sigla em inglês), sendo 4,8 milhões casos graves ou fatais, segundo um estudo de 2018 publicado no Journal of Neurosurgery;
  • Esses casos se tornam perigosos pela falta de tratamentos eficazes para lesões cerebrais;
  • Como lembra a publicação da Universidade Oxford, as terapias generativas de tecidos podem ser uma via promissora para tratar lesões cerebrais, no entanto, ainda não existe nenhum método para garantir que células-tronco implantadas imitem a arquitetura cerebral;
  • Com isso em vista, as células neurais fabricadas por impressão 3D podem compor tecidos danificados do córtex cerebral, parte responsável por funções como linguagem, memória, raciocínio e tomadas de decisão.

No estudo, publicado na revista Nature, os pesquisadores fabricaram um tecido cerebral de duas camadas com impressão 3D de células-tronco neurais humanas. Nos testes, as células impressas foram implantadas em fatias cerebrais de camundongos e conseguiram demonstrar uma “integração estrutural e funcional” com o tecido hospedeiro.

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Como explica a EuroNews, o estudo utilizou uma técnica de “impressão de gotículas” a partir de células-tronco para criar duas “biotintas” — células vivas e hidrogéis impressos em 3D.

Ao serem implantadas em fatias de cérebro dos camundongos, os tecidos impressos mostraram forte integração dos processos neurais ao migrar neurônios, como demonstra a projeção (imagem abaixo). De acordo com a publicação de Oxford, o material implantado conseguiu se comunicar com as células cerebrais do animal, “demonstrando integração funcional e estrutural”.

Células impressas em 3D no cérebro de camundongo
(Crédito: Yongcheng Jin/ Universidade de Oxford)

Este avanço marca um passo significativo em direção à fabricação de materiais com toda a estrutura e função dos tecidos cerebrais naturais.

O trabalho proporcionará uma oportunidade única para explorar o funcionamento do córtex humano e, a longo prazo, oferecerá esperança aos indivíduos que sofrem lesões cerebrais.

Dr. Yongcheng Jin, do Departamento de Química da Universidade de Oxford, principal autor do estudo.

A partir das descobertas feitas nesse estudo, os pesquisadores pretendem melhorar a técnica de impressão para criar tecidos mais complexos do córtex cerebral com múltiplas camadas que imitem a arquitetura do cérebro humano.

Jornalista em formação pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Mesmo com alguns assuntos negativos, gosta ficar atualizado e noticiar sobre diferentes temas da tecnologia.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.