As seis semanas de greve dos trabalhadores das montadoras de veículos finalmente pode estar perto do fim. Isso porque, segundo o El País, a Ford tricotou acordo com o United Auto Workers (UAW), sindicato que representa trabalhadores do setor, nesta quarta-feira (25).

O acordo valerá para os próximos quatro anos e beneficiará os cerca de 57 mil funcionários Ford filiados ao sindicato. Vale lembrar que os trabalhadores ainda precisam validar o acerto e que 16,6 mil dos trabalhadores resolveram aderir à greve, segundo o Automotive News.

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O possível fim da greve na Ford coloca pressão em GM e Stellantis, que se reunirão com o UAW nesta quinta-feira (26). O acordo é um triunfo para Shawn Fain, líder do sindicato, que conseguiu aumento significativo nos valores anteriormente oferecidos pelas montadoras.

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Fain trabalhou com a tática de convocar alguns poucos funcionários de poucos centros de trabalho, com a hipótese real de ir aumentando a convocação conforme a necessidade e pressionando outras fábricas.

Outra estratégia do UAW era focar em uma empresa para entrar em greve e, ao chegar em um acordo, exigir às demais que igualassem as condições acordadas.

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Acordo

  • O acordo de quatro anos elevará os salários dos funcionários da tradicional montadora estadunidense em 25%;
  • Os dois lados tiveram negociações tensas na última terça-feira (24), se arrastando até a manhã de quarta-feira (25);
  • Uma das fontes do site afirmou que Fain esteve à frente das negociações;
  • A Ford aceitou, ainda, aumento imediato de 11%;
  • Já o El País indicou que o acordo contempla também restrições ao emprego temporário, encurtamento do período de aplicação de dupla escala salarial e reconhecimento dos trabalhadores à greve como protesto contra encerramento de fábricas;
  • Contudo, ainda não se sabe quando a UAW vai decretar o fim da greve, até porque, como dito acima, os empregados da Ford ainda precisam aceitar o acordo.

Maior paralisação da história

A greve que perdura há seis semanas é a maior da história da indústria automotiva estadunidense, ganhando da paralisação ocorrida em 2019 e que teve adesão de funcionários da GM.

Na terça-feira (25), segundo o Automotive News, afirmou que a greve já custou aos seus cofres US$ 800 milhões (R$ 3,99 bilhões, na conversão direta). Já o Deutsche Bank estima que a Ford gastou US$ 888 milhões (R$ 4,43 bilhões) com a paralisação.

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As fábricas da Ford afetadas com a greve foram a de Wayne (Michigan), lar do Ford Bronco e da Ranger. Ainda em setembro, no dia 29, uma fábrica da GM e outra da Ford, a de Chicago (Illinois), também pararam. A planta de Chicago fabrica os modelos Ford Explorer e Lincoln Aviator. Por fim, no início deste mês, foi convocada greve na fábrica mais rentável da montadora – a de Kentucky, que produz caminhonetes e veículos de alta gama, com 8,7 mil trabalhadores que gera cerca de US$ 25 milhões (R$ 124,9 milhões) anualmente.

Negociações

Em 3 de outubro, a Ford ofereceu à UAW aumento de 23%, com trabalhadores obtendo aumento de dois dígitos após a ratificação e aumentos anuais até 2027.

Em 6 de outubro, Fain anunciou esses importantes progressos nas negociações e optou por não aumentar a quantidade de grevistas, mas mudou de ideia dias depois, como dito acima.

Após, o COO da Ford, Kumar Galhotra, disse que a companhia “atingiu o limite” no que poderia oferecer ao sindicato sem comprometer sua capacidade de permanecer competitiva.

Em conversa com o The New York Times, o CEO da empresa, Bill Ford, alegou que a fabricante “poderia viver com o acordo que propôs, mas por pouco”.

Já nesta semana, o UAW informou ao trio que queria subir os salários para ao menos 25%, redução significativa em relação à sua demanda inicial de 40%.

O pedido de 25%, todavia, ainda se enquadraria no objetivo declarado de Fain de aumentos salariais “substanciais” de dois dígitos e, provavelmente, representaria aumentos recordes para os trabalhadores do setor automotivo.