Galáxias anãs foram devoradas por suas irmãs maiores, mas sobreviveram

Astrônomos observaram galáxias minúsculas no Aglomerado de Virgem sendo devoradas por suas irmãs maiores, sem se fundir a elas
Por Mateus Dias, editado por Flavia Correia 13/11/2023 15h41, atualizada em 14/11/2023 21h26
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Algumas galáxias flutuam sozinhas no Universo, outras acabam se juntando em aglomerados, unidas pela gravidade. Nesses grupos, formações galácticas maiores podem acabar devorando suas irmãs menores, que se fundem a elas. No entanto, um novo estudo encontrou galáxias minúsculas, mas com densidade o suficiente para saírem vivas disso.

Publicada recentemente na revista Nature, a pesquisa utilizou dados do Telescópio Gemini North, próximo à montanha Mauna Kea, no Havaí. O objetivo era investigar um canibalismo galáctico em andamento, perto do Aglomerado de Virgem, e a existência de pequenas formações galácticas que estão sobrevivendo a ele e se tornando anãs ultracompactas (UCDs).

Um contínuo de galáxias capturadas em diferentes estágios do processo de transformação de uma galáxia anã em uma anã ultracompacta (UCD). Esses objetos estão localizados perto da supergigante M87, o membro dominante do vizinho Aglomerado de Virgem. Crédito: NOIRLab/NSF/AURA/NASA/R. Gendler/K. Wang/M. Zamani

Em meio às milhares de galáxias do aglomerado, os pesquisadores conseguiram detectar 106 pequenas delas que estão se encaminhando para se tornarem UCDs. Elas exibem envelopes de estrelas de longo alcance, o que sugere que suas camadas externas estariam sendo destruídas por grandes galáxias próximas. Enquanto isso, no entanto, agrupamentos apertados de estrelas em seus centros revelam que sua aderência gravitacional é forte o suficiente para sobreviver à fusão, segundo os astrônomos.

É emocionante podermos finalmente ver esta transformação em ação. Isso nos diz que muitas destas UCDs são restos fósseis visíveis de antigas galáxias anãs em aglomerados de galáxias, e os nossos resultados sugerem que há provavelmente muito mais restos de massa baixa a serem encontrados.

Eric Peng, coautor do estudo, em comunicado

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Esses candidatos a UCDs foram identificados pela primeira vez a partir de observações realizadas com Telescópio Canadá-França-Havaí, também localizado próximo à montanha Mauna Kea. No entanto, as galáxias-alvo estavam sendo confundidas com formações mais ao fundo do Aglomerado de Virgem.

Agora, como o Gemini North, os pesquisadores conseguiram medir com precisão as distâncias de cada uma e remover as formações de fundo, permitindo que apenas aquelas no Aglomerado de Virgem fossem observadas. A investigação acabou mostrando que quase todas UCDs vivem próximas às maiores.

Redator(a)

Mateus Dias é estudante de jornalismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é redator de Ciência e Espaço do Olhar Digital

Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.