No mais recente relatório do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), julho, agosto, setembro e outubro de 2023 constam como os meses cuja temperatura foi acima da média histórica. Além disso, o órgão também classifica este ano como o mais quente registrado desde a década de 1960. 

Para enfrentar essa onda de calor intensa, nada melhor do que o bom e velho ar-condicionado. No entanto, embora manter o aparelho ligado seja um consenso, a escolha do nível de temperatura quase sempre “dá briga” (principalmente em ambientes de trabalho) – enquanto uns querem se sentir em pleno Alasca, outros desejam apenas se refrescar, sem, necessariamente, congelar!

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Geralmente, os homens fazem parte do primeiro e as mulheres do segundo grupo. E isso tem base científica – mais especificamente, hormonal: eles sentem mais calor em razão da testosterona, presente em maior quantidade no corpo masculino. 

É hormonal: homens geralmente sentem mais calor do que as mulheres por causa dos níveis mais elevados de testosterona no corpo. Crédito: LightField Studios – Shutterstock

Temperatura e rendimento no trabalho

Estudos apontam não apenas que as mulheres precisam de um ambiente menos frio, como também que isso pode interferir no rendimento delas no trabalho. 

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Um artigo publicado na revista Nature Climate Change em 2015 analisou 38 mil respostas sobre a satisfação da temperatura nos escritórios em 168 cidades norte-americanas. As respostas mostraram que a insatisfação com o frio era 1,8 vezes maior entre as mulheres. Segundo a mesma pesquisa, 42% delas revelaram que o frio atrapalha o rendimento das atividades.

Outro estudo mais recente, de 2019, liderado por um pesquisador da USC Marshall School of Business, de Los Angeles, nos EUA, analisou a interferência da temperatura do ambiente no desenvolvimento cognitivo de 500 pessoas, entre homens e mulheres. O resultado apontou que elas tinham melhor desempenho quando o ambiente era mais quente, com temperatura próxima dos 26°C.

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Em entrevista ao G1, a médica endocrinologista Maria Fernanda Barca, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), disse que os homens sentem mais calor que as mulheres por causa da testosterona presente em maior quantidade no corpo masculino, o que faz com que eles produzam mais energia, ficando com um corpo mais quente.

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No Brasil, a temperatura do ar-condicionado em abientes de trabalho deve atender à NR 17. Crédito: Ju1978 – Shutterstock

“Com toda essa testosterona presente nos homens, eles vão sentir mais calor e, consequentemente, vão precisar que a temperatura do ar-condicionado seja muito mais fria do que para nós mulheres, que produzimos menos calor”, explicou. 

Segundo a médica, mulheres se sentem confortáveis ​​a uma temperatura 2,5ºC mais alta que os homens.

Ministério do Trabalho estabelece regra para uso do ar-condicionado

No Brasil, o Ministério do Trabalho tem uma norma regulamentadora (NR) sobre o uso de ar-condicionado nos ambientes corporativos. 

A organização deve adotar medidas de controle da temperatura, da velocidade do ar e da umidade com a finalidade de proporcionar conforto térmico nas situações de trabalho, observando-se o parâmetro de faixa de temperatura do ar entre 18 e 25°C para ambientes climatizados.

NR 17 – Ministério do Trabalho – Governo Federal

É importante ressaltar que o controle da temperatura ambiente laboral não pode ser tratado como frescura, já que se trata de um aspecto muito importante para a saúde dos funcionários e deve ser feito com cuidado e atenção tanto para evitar punições para a instituição quanto, principalmente, para proporcionar um ambiente adequado a todos que nela trabalham.