Você sabia que nem todo o ouro e platina da Terra estão presos no núcleo?

Pesquisadores desenvolvem modelo para explicar presença de metais preciosos na Terra e sugerem impacto gigantesco em seu passado remoto
Rodrigo Mozelli28/11/2023 21h23
Barras de ouro
Imagem: Pixfiction/Shutterstock
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Pesquisas existentes indicam que muitos metais pesados deveriam ter afundado para o núcleo terrestre, o que torna os metais preciosos, como ouro e platina, raros na crosta terrestre e no manto. A exposição da humanidade a esses metais deveria ser apenas por meio de pequenas quantidades entregues por meteoritos tardios.

A Terra primitiva era um lugar muito quente, com calor constantemente liberado devido à contração gravitacional, decaimento radioativo e bombardeio de planetesimais e grandes asteroides, o que resultou na criação de oceano derretido.

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Como os metais pesados chegaram à superfície?

  • Elementos mais pesados deveriam ter afundado, enquanto os mais leves flutuaram;
  • Além disso, com o ferro compreendendo a maior parte do núcleo, metais “siderófilos” (amantes de ferro) que se ligam mais facilmente ao ferro do que ao oxigênio eram particularmente propensos a serem capturados. Isso inclui ouro, platina, irídio e elementos menos conhecidos, como o ródio;
  • Uma vez formada a crosta sólida da Terra, impactos de asteroides menores não a penetrariam e até mesmo elementos altamente siderófilos (HSEs) permaneceriam na superfície, ou, pelo menos, no manto;
  • No entanto, a quantidade de minerais que chegavam dessa forma era pequena em comparação com aqueles provenientes de objetos muito maiores capazes de penetrar o manto.

O professor Jun Korenaga, da Universidade de Yale, e a Dra. Simone Marchi, do South-West Research Institute, forneceram modelo que explica como alguns dos HSEs que chegaram mais cedo estão presentes no manto para poderem ser liberados em erupções vulcânicas.

Eles argumentam que o impacto de um objeto tão grande criaria oceano de magma local, remetendo a tempo em que esse era o destino de todo o planeta.

Consequências do impacto gigantesco

Conforme o IFL Science, os pesquisadores concluem que um impacto tão grande teria um efeito complexo. Criaria uma região parcialmente derretida abaixo do oceano de magma local, com camadas de silicato sólido, silicato derretido e metal líquido.

Para explicar a abundância de HSEs na crosta terrestre, cerca de 0,5% da massa da Terra deve ter chegado após a formação do núcleo.

Os pesquisadores suspeitam que as consequências dos impactos descritos poderiam produzir as províncias de baixa velocidade de cisalhamento presentes na fronteira entre o manto e o núcleo da Terra, algo que os geólogos têm buscado explicar recentemente.

O estudo foi publicado na Proceedings of The National Academy of Sciences.

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.