Terminal de comunicação a laser da NASA na estação espacial faz primeiro link

ILLUMA-T, sistema de comunicação a laser da NASA, usa luz infravermelha para enviar e receber dados no espaço
Flavia Correia15/12/2023 11h56, atualizada em 18/12/2023 21h25
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Conforme noticiado pelo Olhar Digital, um dispositivo chamado ILLUMA-T (sigla em inglês para algo como “Terminal Integrado de Modem e Amplificador de Órbita Baixa da Terra”) foi enviado para a Estação Espacial Internacional (ISS) pela SpaceX no mês passado para completar o primeiro sistema de comunicações a laser bidirecional de ponta a ponta da NASA. 

Nesta quinta-feira (14), a agência revelou no X (antigo Twitter) que o sistema completou com sucesso o primeiro link no dia 5 de dezembro.

As comunicações a laser, também conhecidas como comunicações ópticas, usam luz infravermelha em vez das ondas de rádio tradicionais para enviar e receber sinais. O comprimento de onda mais apertado da luz infravermelha permite que as espaçonaves embalem mais dados em cada transmissão. O uso de comunicações a laser aumenta muito a eficiência da transferência de dados e pode levar a um ritmo mais rápido de descobertas científicas.

Saiba mais sobre o inovador sistema de comunicação a laser da NASA

O ILLUMA-T foi projetado para transmitir informações por feixes de laser, para outro satélite (o Dispositivo de Demonstração de Comunicação a Laser – LCRD, lançado em dezembro de 2021) a uma taxa de conexão de internet considerável baseada na Terra.

Missões espaciais tripuladas e não tripuladas quase sempre se comunicaram (seja com a Terra ou umas com as outras) por meio de ondas de rádio testadas e confiáveis. No entanto, enviar informações via laser tem algumas vantagens em relação a esse processo.

A começar que o equipamento a laser é mais leve e menos intensivo em energia, facilitando o encaixe em uma nave. Além disso, como os comprimentos de onda da luz laser são mais curtos do que os comprimentos de onda de rádio, um link de comunicação a laser pode transmitir mais informações de uma só vez.

Leia mais:

Logo após a instalação na ISS, os engenheiros de operação começaram a realizar testes em órbita para garantir que a carga útil do ILLUMA-T operasse nominalmente. Agora, ele já está se comunicando com o LCRD, trocando dados a 1,2 gigabits por segundo.

Demonstramos que podemos superar os desafios técnicos para interações espaciais bem-sucedidas usando comunicações a laser. Agora estamos realizando demonstrações operacionais e experimentos que nos permitirão otimizar nossa infusão de tecnologia comprovada em nossas missões para maximizar nossa exploração e ciência.

David Israel, arquiteto de comunicações e navegação espacial da NASA.

ILLUMA-T e LCRD fazem parte do esforço do programa de Comunicações e Navegação Espacial (SCaN) da NASA em demonstrar como as tecnologias de comunicações a laser podem beneficiar significativamente a ciência e as missões de exploração.

O primeiro link do ILLUMA-T com o LCRD – conhecido como primeira luz – é a mais recente demonstração provando que as comunicações a laser são o futuro. As comunicações a laser não apenas retornarão mais dados de missões científicas, como também podem servir como o elo bidirecional crítico da NASA para manter os astronautas conectados à Terra enquanto exploram a Lua, Marte e além.

Jason Mitchell, diretor da divisão de Tecnologia Avançada de Comunicações e Navegação da SCaN. 

Quando todos os testes tiverem sido completados e o sistema começar a funcionar nominalmente, o LCRD transmitirá as informações para duas estações terrestres: uma no Havaí e outra na Califórnia. Esses locais foram escolhidos para evitar a cobertura de nuvens, que os lasers têm dificuldade para penetrar.

Futuramente, o LCRD poderá servir como ponte para outros links de laser orbitais também. Quem sabe um dia os astronautas possam até conversar via laser, mesmo estando tão distantes da Terra.

Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.