Licenciamento de filmes e séries de outros estúdios é a espinha dorsal da Netflix desde seu início. Essa afirmação pode parecer exagero hoje em dia, já que o serviço de streaming passou a produzir conteúdos próprios de peso ao longo dos anos.

No entanto, a realidade é outra: 45% de todas as visualizações na plataforma entre janeiro e junho deste ano foram de conteúdos licenciados, segundo informou o The New York Times.

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Embora os filmes e séries de outros estúdios nunca tenham saído da plataforma, apenas em 2023 eles voltaram a aparecer mais para os assinantes. Isso porque, em dado momento, os concorrentes entenderam que deviam proteger seus conteúdos autorais para atrair mais usuários para suas plataformas. Porém, isso não funcionou muito bem.

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O começo

Cena de Friends

Anos atrás, empresas de entretenimento licenciavam seus clássicos para a Netflix em um acordo mutuamente benéfico: o serviço de streaming recebia conteúdos populares – como “Friends” – e, em troca, os estúdios recebiam um bom valor em dinheiro.

No entanto, há cerca de cinco anos, os executivos dessas empresas se deram conta de que estavam fortalecendo um rival poderoso e decidiram restringir a venda de conteúdo, conforme perceberam que precisavam desses filmes e programas para impulsionar o crescimento de seus próprios serviços de streaming.

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O meio

Essa restrição à venda de conteúdo para a Netflix afetou diretamente a plataforma, que estava em constante crescimento e aumentando sua base de assinantes.

No entanto, a realidade do mercado de streaming começou a se impor. Diante de dívidas e do fato de que a maior parte dos serviços de streaming ainda não lucram, estúdios como Disney e Warner Bros. Discovery deram um passo para trás.

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Elenco de 'Duna' tem grande elenco: Timothée Chalamet, Oscar Isaac, Zendaya, Josh Brolin e Dave Bautista. Imagem: Warner Bros./Divulgação
Elenco de ‘Duna’ tem grande elenco: Timothée Chalamet, Oscar Isaac, Zendaya, Josh Brolin e Dave Bautista. Imagem: Warner Bros./Divulgação

Agora, eles seguram seus maiores sucessos (como a franquia “Star Wars”, da Disney, e “Game of Thrones”, da HBO). No entanto, estão renunciando a outras produções, como “Duna”, “Prometheus” e “Young Sheldon”.

O futuro

Ted Sarandos, co-CEO da Netflix, comentou recentemente que a disponibilidade para licenciamento aumentou significativamente nos últimos anos. Para ele, a decisão anterior dos estúdios de reter conteúdo não era natural.

Com essa flexibilização, os estúdios conseguem licenciar conteúdos para a gigante do streaming por uma margem de lucro maior – o que além de ajudar a sanar dívidas, também fortalece a produção de conteúdo exclusivo para suas próprias plataformas.

“Stranger Things” é uma das produções próprias da Netflix. Imagem: Netflix / Divulgação

Por um lado, a parceria aumenta o catálogo de filmes e séries na Netflix. Por sua vez, os usuários respondem consumindo massivamente esses conteúdos – basta observar as produções mais vistas: na primeira semana de dezembro, quatro dos 10 filmes mais assistidos na plataforma eram da Universal Pictures.

Por outro lado, a Netflix investe cada vez mais na produção de conteúdo próprio para diminuir sua dependência de licenciamento. Além disso, Sarandos afirmou que a empresa não tem (nem quer criar) uma repartição para licenciamento de seus conteúdos para terceiros.