Em meio a imensidão dos oceanos e rios existe uma miríade de criaturas fascinantes. Em meio a essa diversidade, os peixes são conhecidos por sua capacidade de viver embaixo da água. Porém, uma pergunta sempre paira a nossa cabeça, existe alguma chance de um peixe se afogar?

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Para começarmos a desbravar esse assunto é preciso entender o que constitui um afogamento. O afogamento ocorre quando uma pessoa ou animal é submersa na água e não consegue respirar. Esse evento perigoso pode resultar na entrada de água nos pulmões, o que leva à asfixia e em casos mais graves perda de consciência e morte.

Pela definição científica, um peixe é um animal aquático, que pode respirar submerso. Adaptados para a vida aquática, esses animais possuem brânquias que os permitem extrair o oxigênio da água. A ideia de um peixe se afogar pode parecer contraditória ou até mesmo absurda. Afinal, se ele respira o oxigênio diluído na água, não tem como faltar, certo? A resposta pode parecer absurda, mas existem situações onde isso pode, sim, ocorrer.

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Nós humanos fazemos a troca gasosa através de nossos pulmões, os nossos alvéolos pulmonares restiram o oxigênio do ar que respiramos, e devolvem o gás carbônico. Já os peixes são adaptados para fazer esse mesmo processo usando a água como vetor do oxigênio. Isso significa que, enquanto estiverem em um ambiente aquático bem oxigenado, os peixes podem respirar eficientemente.

Porém, existem situações nas quais os peixes enfrentam dificuldades respiratórias. Para o oxigênio ser dissolvido na água são necessárias condições como agitação da água por meio de correntezas naturais.

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Além disso, quanto mais limpa a água, menos contaminantes estarão dissolvidos nela, o que aumenta a concentração de oxigênio dissolvido. Outras questões como a vegetação e temperatura adequadas do ambiente aquático refletem para a manutenção do gás diluído.

Bagre Blindado encontrado no Brasil
(Imagens: Tencatt LFC, Grant S, Bentley RF via Neotropicaly Ichthyology e Scielo Brasil)

Em ambientes aquáticos poluídos ou com baixos níveis de oxigênio dissolvido, os peixes podem experimentar condições de hipóxia, nas quais a oferta de oxigênio é inadequada para atender às suas necessidades metabólicas. Nesses casos, os peixes podem enfrentar dificuldades respiratórias e até mesmo morrer por falta de oxigênio, embora não possamos descrever estritamente essa situação como “afogamento”.

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Mas nem todos os peixes dependem só do oxigênio diluído na água para sobreviver. Alguns peixes têm a capacidade de respirar ar diretamente da atmosfera. Os chamados “peixes pulmonados” possuem uma série de adaptações evolutivas para sobreviver com outra fonte de oxigênio que não seja a água.

Com pulmões, que lhes permitem respirar oxigênio atmosférico, peixes como o bagre e o pirarucu, podem sair da água para respirar ar. Essa adaptação evolutiva permite que esses animais sobrevivam em ambientes aquáticos de qualidade instável.

Os peixes não podem se afogar no sentido convencional, porém se a qualidade da água onde vivem não for suficientemente boa, os níveis de oxigênio diminuirão e eles podem sufocar. Entender as necessidades desses animais é crucial para podermos pensar em estratégias de conservação da qualidade da água dos nossos rios e lagos, para evitar eventos de morte coletiva de peixes.