Como essa megaestrutura espacial pode reformular o teorema cosmológico?

O Anel Gigante, uma formação cósmica com diâmetro de 1,3 bilhão de anos-luz, supera as estimativas de cálculos de cosmologia atuais
Por William Schendes, editado por Lucas Soares 16/01/2024 19h48, atualizada em 17/01/2024 10h54
Cosmos
(Imagem: Outer Space/ Shutterstock)
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Uma astrônoma da Universidade Central de Lancashire (UCLan), nos Estados Unidos, descobriu uma segunda estrutura cósmica ultragrande. A megaestrutura foi chamada de Grande Anel e tem um diâmetro de cerca de 1,3 bilhões de anos-luz, equivalente a 15 luas cheias.

Como explica Alexia Lopez, Ph.D da UCLan, a proporção do Grande Anel desafia alguns pressupostos atuais da cosmologia:

A partir das teorias cosmológicas atuais, não pensávamos que estruturas nesta escala fossem possíveis. Poderíamos esperar talvez uma estrutura extremamente grande em todo o nosso universo observável.

Alexia Lopez.

A equipe de cosmólogos da UCLan relata que a formação tem o formato justamente de um anel no céu, mas, ao realizar uma análise aprofundada, foi identificado que o Grande Anel tem um formato espiral, como um saca-rolhas, por exemplo.

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A Alexia Lopez também foi responsável pela descoberta do Arco Gigante no Céu, outra megaestrutura identificada há dois anos com um diâmetro ainda maior de 3,3 bilhões de anos-luz.

Até a descoberta dessas estruturas cósmicas, como explica a cientista, os cosmologistas calculavam que o limite dessas formações seria de até 1,2 bilhões de anos-luz, porém o tamanho do Grande Anel e do Arco Gigante superaram essa estimativa.

Representação do Grande Anel (em azul) e do Arco Gigante (em vermelho). (Imagem: Stellarium)

Lopez avalia que, enquanto essas descobertas continuam acontecendo, talvez seja necessário trabalhar em um novo teorema cosmológico. “No mínimo, está incompleto. No máximo, precisamos de um teorema de cosmologia completamente novo”, disse.

Além de serem as maiores estruturas já observadas, as duas estão à mesma distância da Terra, localizadas próximas das constelações de Boötes the Herdsman. Essa proximidade levanta a possibilidade de ambas fazerem parte de um sistema cosmológico conectado, como relata o The Guardian.

O Grande Anel e o Arco Gigante estão à mesma distância de nós, perto da constelação de Boötes the Herdsman, o que significa que existiram na mesma época cósmica, quando o universo tinha apenas metade de sua idade atual. Eles também estão na mesma região do céu, separados por apenas 12 graus quando se observa o céu noturno.

Alexia Lopez.

Jornalista em formação pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Mesmo com alguns assuntos negativos, gosta ficar atualizado e noticiar sobre diferentes temas da tecnologia.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.