Um novo medicamento a base de veneno de aranha-teia-de-funil está perto de se tornar realidade e, se for aprovado, pode impedir danos celulares causados por ataques cardíacos e derrames.

Ensaios pré-clínicos demonstraram a eficácia das moléculas do aracnídeo em proteger as células durante acidentes cardíacos. Pesquisas anteriores já haviam comprovado a eficácia em proteger as células em casos de AVC.

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Medicamento contra ataques cardíacos e derrames

O medicamento surgiu de uma molécula de veneno de aranha-teia-de-funil K’gari chamada Hila, proveniente da Ilha K’gari (nome nativo da Ilha Fraser, na Austrália). Elas são uma das mais mortais do mundo, primais da aranha-teia-de-funil de Sydney, que já foram responsáveis pela morte de 13 pessoas.

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Os pesquisadores do Instituto de Biociência Molecular da Universidade de Queensland já trabalham com o veneno há mais de uma década, mas só em 2021 descobriram os mecanismos de proteção celular da Hila.

Como explica o New Atlas, ela é capaz de bloquear os canais sensíveis ao ácido no coração. Assim, no caso de algum acidente, como ataques cardíacos ou derrames, a molécula impede a transmissão da mensagem que desencadeia a morte celular.

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Antes disso, eles já haviam descoberto que a Hila também protege células do cérebro, reduzindo os danos no caso de um AVC.

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Aranha teia-de-funil K’agari (Imagem: Reprodução/Universidade Queensland)

Testes com o medicamento

  • O medicamento já passou por testes pré-clínicos em roedor usado para imitar tratamentos em humanos;
  • Foi comprovado que a Hila protegeu as células do coração contra os danos quando administrada durante um ataque cardíaco;
  • Segundo os pesquisadores, o desempenho foi “tão bom quanto o medicamento cardioprotetor de referência, o cariporida, em todos os parâmetros de estrutura e função dos órgãos”;
  • De acordo com eles, a Hila é tão eficaz quanto o medicamento cardioprotetor mencionado, que já está na Fase 3 de ensaios clínicos e foi arquivado por efeitos colaterais.

Nathan Palpant e Glenn King, pesquisadores responsáveis pelo descobrimento da Hila (Imagem: Reprodução/Universidade de Queensland)

Em que pé está a aprovação

A próxima etapa são ensaios clínicos, com humanos. Os pesquisadores destacam que nenhum medicamento para prevenir danos celulares em casos de ataques cardíacos e derrames passou dos testes de segurança nessa etapa, mas que estão confiantes com a Hila.

Agora, a equipe da pesquisa lidera a organização Infensa Bioscience e arrecadou 23 milhões de dólares australianos (cerca de R$ 74 milhões) para desenvolver o medicamento comercialmente.

A maioria das mortes por doenças cardiovasculares são causadas por ataques cardíacos e derrames, mas não existem medicamentos no mercado que previnam os danos que causam. Um medicamento eficaz para tratar ataques cardíacos teria impacto mundial, proporcionando avanço para melhorar a vida de milhões de pessoas que vivem com doenças cardíacas.

Mark Smythe, professor associado e CEO da Infensa Bioscience