Fim da missão: helicóptero Ingenuity, da NASA, nunca mais vai voar em Marte

Durante o voo de número 72, o helicóptero Ingenuity teve uma das hélices danificada, o que fez a NASA decretar o fim da missão
Flavia Correia25/01/2024 19h12, atualizada em 26/01/2024 21h20
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Prestes a completar três anos em Marte, o helicóptero Ingenuity, da NASA, teve decretado o fim de sua bela e bem-sucedida missão no Planeta Vermelho. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (25) em um comunicado da agência e compartilhado no perfil oficial do rover Perseverance no X (antigo Twitter), com uma homenagem ao “companheiro de aventuras”.

“Os sóis* não serão os mesmos sem o helicóptero Ingenuity. Obrigada, Ingenuity, por ser meu parceiro na exploração desde o início”, diz a publicação.

*os dias em Marte são chamados de sóis

Sobre o helicóptero Ingenuity:

  • O helicóptero Ingenuity tem 1,8 kg e foi projetado para demonstrar que o voo motorizado é realmente possível em Marte, apesar da fina atmosfera do planeta;
  • A missão principal envolvia apenas cinco voos, durante 30 dias;
  • Satisfeita com os resultados obtidos, a NASA estendeu a missão, com o drone também passando a exercer a função de navegador do rover Perseverance;
  • De acordo com o registro de voo da missão, ele voou por quase 129 minutos, cobrindo cerca de 17,7 km da superfície marciana;
  • No dia 18 de janeiro, durante o 72º voo, o equipamento sofreu danos irreversíveis na lâmina do rotor, e a agência decretou o fim das operações.
Câmera do helicóptero Ingenuity, da NASA, registra estrago causado em uma das hélices do veículo. Crédito: NASA/JPL

Ingenuity entra para a história da exploração espacial como o primeiro robô a navegar pelos céus de outro planeta – algo que, desde a semana passada, ele “não é mais capaz” de fazer, segundo a NASA. 

Bill Nelson, administrador da agência, publicou um vídeo de despedida no X.

A jornada histórica do Ingenuity, a primeira aeronave em outro planeta, chegou ao fim. Esse helicóptero notável voou mais alto e mais longe do que imaginávamos e ajudou a NASA a fazer o que fazemos de melhor – tornar o impossível, possível. Por meio de missões como o Ingenuity, a NASA está abrindo caminho para voos futuros em nosso sistema solar e exploração humana mais inteligente e segura para Marte e além.

Bill Nelson, administrador da NASA

Leia mais:

Quase três anos de missão

Encarregado de mostrar que a exploração aérea é possível no Planeta Vermelho, apesar de sua fina atmosfera, o pequeno helicóptero pousou com seu parceiro de missão no chão da Cratera Jezero no dia 18 de fevereiro de 2021.

O veículo robótico movido a energia solar deixa seu nome registrado nos anais de história da aviação, cumprindo com louvor a missão de US$85 milhões de dólares, ao término de dois anos e 11 meses.

Uma das funções exercidas pelo Ingenuity foi um trabalho de exploração para o rover Perseverance em seus passeios mais longos e ambiciosos, ajudando a equipe da missão a planejar rotas e escopos de potenciais alvos científicos.

Sucesso do Ingenuity faz NASA planejar mais helicópteros para Marte

Pioneiro em determinadas tecnologias e capacidades, o Ingenuity provou que o futuro é muito favorável para a exploração aérea em Marte.

“Já iniciamos os primeiros esforços para investigar como o helicóptero Ingenuity ou plataformas semelhantes a ele agem para fazer coisas como carregar cargas científicas, como elas podem ser naves espaciais autônomas e completamente autossustentáveis que não estão ligadas a algo como um rover para cobrir distâncias maiores e acessar uma variedade de alvos científicos”, disse Jaakko Karras, vice-líder de operações do Ingenuity no JPL, em entrevista ao site Space.com. “Olhando para trás daqui a cinco ou dez anos, veremos que este foi o trampolim, o precursor da exploração aérea maior e mais ousada em Marte”.

Embora os dias de voo do Ingenuity tenham acabado, fica o legado do helicóptero. Pelos planos da NASA, outros dois veículos semelhantes foram projetados e serão lançados para ajudar o rover Perseverance a coletar amostras para retornar à Terra. 

A agência também já está desenvolvendo helicópteros maiores e mais capazes que poderiam um dia realizar outras missões científicas no Planeta Vermelho. E, se isso acontecer, muito se deve ao já saudoso ‘Ginny’.

Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.