Todos os dias as redes sociais são preenchidas por uma avalanche de conteúdos dos mais diversos tipos e formatos, e mesmo os usuários mais habituados ao funcionamento da internet estão propensos a uma série de ameaças cibernéticas. No caso das crianças e adolescentes, os problemas podem ser ainda mais graves. As informações a seguir estão em uma reportagem do jornal Washington Post.

Entenda:

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  • Com o intenso fluxo de informações das redes sociais, as crianças e adolescentes podem estar expostas a uma série de ameaças cibernéticas;
  • Além de conscientizá-los sobre os perigos do universo digital, também existem algumas medidas que podem ajudar a manter seus filhos protegidos;
  • Perfis privados e verificação em duas etapas são algumas medidas simples e rápidas que podem tornar a navegação na internet mais segura;
  • Além das configurações no perfil, o diálogo com as crianças também é muito importante para conscientizá-las sobre os perigos dos ambientes virtuais.

Apesar de ser uma geração que, naturalmente, possui um contato maior com plataformas como Instagram, Discord e TikTok, esse público não está a salvo de usuários mal-intencionados e ataques de hackers. Felizmente, algumas medidas podem ser tomadas para proteger e conscientizar seus filhos.

Medidas para proteger seus filhos nas redes sociais

Redes Sociais
(Imagem: Cristian Dina/Shutterstock)

Os aplicativos possuem configurações específicas para a proteção de menores de idade, mas essa medida pode ser burlada facilmente na hora de criar uma conta. Além do bom e velho diálogo para alertar sobre os cuidados necessários no mundo virtual, também existem outras formas de protegê-los, a começar pelos perfis privados.

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Como o nome já diz, um perfil público permite que o conteúdo postado na conta seja acessado por todos – conhecidos ou não. Privar o perfil faz com que suas informações só sejam vistas por pessoas adicionadas por você à sua lista de seguidores.

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A verificação em duas etapas também é um passo essencial para impedir que a conta seja invadida – e isso se aplica aos usuários de todas as idades. Com esse recurso, ao realizar o login na sua conta em um novo dispositivo, é necessário inserir um código para confirmar sua identidade, que pode ser enviado por SMS, aplicativo de autenticação ou outros.

É importante lembrar, outra vez, que o diálogo com seus filhos é fundamental para que entendam de fato os perigos aos quais estão expostos na internet. Com essas medidas de segurança e uma boa conscientização, todos ficam mais protegidos.

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É o que explicou Danielle H. Admoni, psiquiatra geral e da Infância e Adolescência, supervisora na residência da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM) e especialista pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria).

Antes, quando nossos filhos estavam fora de casa, ficávamos preocupados, pedíamos para não falarem com estranhos. A gente tinha a falsa sensação que dentro de casa os jovens estariam seguros, mas não estão, por causa da internet. Agora, eles têm contato com um mundo que a gente não tinha. Tudo o que a gente sempre fala quando crianças e adolescentes vão sair fisicamente nas ruas, a gente precisa falar também nos ambientes digitais. Os mesmos cuidados que a gente tem, do tipo “cuidado com quem você fala”, “não conta onde você mora”, “não fala seu nome completo”, etc. Eles não têm essa maturidade, não têm essa percepção de maldade. Precisamos educá-los do mesmo jeito que os educamos quando vão sair de casa.

Cuidado com quem falar, o que vai expor. É muito importante essa conversa o tempo todo, porque eles têm acesso ao mundo do ponto de vista de tecnologia, algo que outras gerações não tinham. A gente precisa educar nossos filhos a se portarem no meio digital. E além de orientar, é importante que eles entendam que os pais têm esse canal aberto para diálogo. Assim, se tiver alguma situação diferente, eles sabem para onde correr.

Quem também falou com a nossa reportagem foi a Dra. Elaine Vidal, professora de Pedagogia e Psicologia da São Judas Unimonte.

A maioria de nós, pais e educadores, nascemos numa era em que a internet ainda não existia.
Nós vimos o advento da internet, diferente das crianças e adolescentes de hoje, que são o que
nós chamamos, em educação, de nativos digitais, ou seja, aqueles que já nasceram com a
existência da internet.

A gente vê desde bebês já passando o dedinho ali no celular, no tablet e tudo mais. Porém, o
fato de serem nativos digitais não permite que eles compreendam todas essas armadilhas.
Eles ainda precisam do adulto para isso. Eu costumo usar sempre uma analogia de que
antigamente nós, os pais, sabiam que o perigo era quando o filho estava fora de casa. Então você
não sabia onde ele estava, se ele podia cair em alguma armadilha, como que ele estaria. E
quando a criança ou adolescente estava dentro de casa, ela estava segura. Só que hoje isso se inverteu.

Seu filho dentro do quarto pode estar correndo muito mais risco do que estando fora. Então por
ainda não termos um marco regulatório aqui no Brasil, isso é um grande problema. E nós
sabemos que é um terreno em que podem existir armadilhas, pessoas que se fazem passar por
crianças e, na verdade, não são anúncios que atraem as crianças.

Mesmo quando a gente vê os vídeos mais infantis em plataformas como YouTube, por exemplo,
no meio aparecem anúncios que não são adequados para crianças. Então os pais, além de
estarem muito atentos ao que os filhos estão acessando, a ter apps de controle, ou a tentar
colocar com que os filhos acessem, por exemplo, num computador na sala onde eles estejam
por perto, estejam abertos, eles precisam também dialogar porque o adulto continua sendo a
referência das crianças e dos adolescentes.

Então é preciso que os pais expliquem aos filhos as armadilhas que podem acontecer, que
mostrem casos reais de crianças ou adolescentes que caíram nessas armadilhas, que incentivem
as crianças a compartilharem com eles tudo que estão vivenciando na internet, sem
julgamentos, mas com orientação.

Eu sempre digo que os pais precisam pensar: “eu quero que o meu filho, quando tiver um
problema, pense que pode contar para mim por que vou ajudar” e isso só vai vir através do
diálogo.

Contexto

Essa é uma pauta que vem em um contexto preocupante. Nesta quarta-feira (31), CEOs de big techs participaram de uma audiência no Senado dos EUA. Eles foram questionados sobre falhas de segurança nas redes, que resultaram em abusos psicológicos e sexuais de menores de idade. Você pode saber mais clicando aqui.