Os gatilhos psicológicos são estímulos que influenciam diretamente a nossa tomada de decisão, por isso podem ser usados inclusive em golpes. Empresas e vendedores costumam usar essas estratégias de persuasão para influenciar a decisão de compra de um cliente ou consumidor.

A pessoa, influenciada por esses gatilhos psicológicos, toma ações inconscientes e seu cérebro faz as escolhas de forma automática. Usar desse artifício para aplicar golpes, infelizmente, pode funcionar e quando você perceber já tomou a decisão que o golpista sugeriu.

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Esses gatilhos exploram aspectos emocionais, comportamentais e cognitivos. E assim, pessoas que querem aplicar golpes estão estudando técnicas avançadas de comunicação e persuasão que os ajudam a obterem acesso a aplicativos de mensagens, contas bancárias e até dados corporativos. 

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Conheça a seguir, 5 gatilhos psicológicos usados em golpes e aprenda como se proteger deles.

Passar dados de cartão pelo celular pode fazer parte de gatilhos psicológicos usados em golpes
Imagem: Pexels

1- Gatilho da urgência

O gatilho psicológico da urgência é uma técnica de persuasão que, como o nome já diz, cria um senso de urgência na pessoa. O objetivo é incentivar a tomada de decisão rápida, atrelada a um tempo determinado.

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O objetivo do criminoso ao usar esse gatilho na aplicação de um golpe é agilizar a ação da vítima  e fazer com que ela aja quanto antes, visto que seu tempo para isso está acabando. 

O golpista vai criar uma situação falsa, mas que exige uma ação muito rápida. Um exemplo é dizer que seu cartão de banco foi clonado e que necessita dos seus dados para resolver a questão imediatamente. Ou então, que você tem uma dívida (real ou não) e oferecer um desconto imperdível, mas que vale apenas para aquele momento, caso contrário, a oferta vai expirar.

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Produzir um cenário falso, de risco ou de oportunidade única faz com que o criminoso tente impedir que a vítima tenha tempo para analisar a situação de forma lógica ou procure ajuda de outra pessoa. O golpista apela para a emoção da vítima e aí, por receio ou por estar pressionada pelo tempo, a pessoa cede e faz o que o criminoso quer.

2- Gatilho do compromisso

O criminoso precisa estabelecer algum tipo de relacionamento com a vítima para estimular o gatilho psicológico do compromisso. Essa é uma técnica bem poderosa e exige do golpista um nível maior de persuasão. Afinal, ele precisará ter lábia para estender e prolongar a conversa com a vítima.

Um dos objetivos é cansar a vítima, dessa forma, ele sabe que cérebro humano tenta poupar energia e isso facilita a tomada de decisão. O criminoso faz a vítima falar, falar, se expor e vai usar isso para a vítima manter a coerência. O golpista também vai falar durante um bom tempo e vai disparar um discurso longo e detalhado.

Um exemplo é o golpe do falso empréstimo. Ao oferecer uma proposta para que a vítima resolva adquirir um dinheiro emprestado, o criminoso procura saber da ‘necessidade’ da pessoa e quando consegue, se estiver diante de uma negativa ou dúvida da vítima, usa argumentos com frases captadas da vítima: “como você disse que está enfrentando tal problema, essa solução vai resolver …”

Gatilhos psicológicos para cair em golpes como o vishing
Imagem: Tero Vesalainen/Shutterstock

3- Gatilho da reciprocidade

Mais um gatilho psicológico ligado à emoção. O criminoso cria uma situação em que ajuda a vítima a resolver um problema. Ele pode inventar que a pessoa tinha um bloqueio em um acesso a algum sistema, mas que ele já resolveu. Dessa forma, ele estabelece um vínculo e, posteriormente, ele usará disso para conseguir outra coisa da vítima. É como se fosse uma reciprocidade, ele pode argumentar: “lembra que eu te ajudei com aquele problema de senha, então, agora preciso que você me ajude e me passe dados da sua empresa, por exemplo.

Ele sabe que a vítima normalmente não forneceria as informações que ele precisa, mas por conta do sentimento de “estar em dívida social” com o golpista, ela acaba fazendo.

4- Gatilho da autoridade

Os criminosos podem se fazerem passar por gerentes, supervisores, cargos públicos de governo para persuadir a vítima. Se passar por algum cargo de autoridade, explora a tendência natural de obediência. Se você recebe uma mensagem do seu gerente de banco, identifica o nome ou até mesmo o número do qual ele está ligando, é provável que faça o que ele te pedir.

Os golpistas usam até mesmo ferramentas de inteligência artificial para isso. Ele pode usar um deepfake de voz (modificação de timbre feita por uma inteligência artificial que tem como objetivo imitar a fala de uma pessoa). Aí o ‘gerente’ diz que você precisa realizar uma operação bancária (um PIX, uma transferência, um depósito), qualquer coisa que ele irá justificar como um erro anterior e pela ‘autoridade’ que ele representa, você fará.

Outro exemplo, o golpista se faz passar por um funcionário da Receita Federal e diz que você precisa regularizar uma suposta situação, se não fizer o que ele te sugere imediatamente, implicará em multas ou outros prejuízos. E claro, é possível que você acate rapidamente.

5- Gatilho da confiança

Um golpe que pode usar o gatilho da confiança é o vishing, quando criminosos usam ligações telefônicas para enganar e roubar as vítimas. O termo vishing é uma combinação das palavras “voice” (voz) e “phishing” (falsificação de identidade). 

Ao contrário do phishing, que usa e-mail, anúncios e sites maliciosos, o vishing usa recursos de voz, como ligações de supostos serviços de telefonia via internet (VoIP). 

Os criminosos que aplicam o vishing geralmente se fazem passar por pessoas ou empresas reais, como bancos ou empresas de telefonia ou internet. Eles ligam para as vítimas e afirmam que houve cobranças fraudulentas ou atividades suspeitas na conta. 

O objetivo do vishing é enganar as vítimas e extrair informações pessoais e confidenciais, como senhas de banco, cartão de crédito e CPF. 

O gatilho psicológico da confiança aplicado no golpe consiste em mostrar à vítima que ela pode e deve confiar no seu serviço, que vai resolver o problema. Para demonstrar que é uma pessoa confiável, o golpista apresenta a situação de risco e depois mostra que resolveu, apresentando resultados. 

Não caia em golpes e defenda-se dos gatilhos psicológicos

A primeira coisa que você deve saber para não cair em golpes é ter consciência de que eles existem e desconfiar de contatos desconhecidos. Procure sempre verificar a identidade e saber com quem está falando. Não tome nenhuma decisão na hora. Por isso, manter a calma é fundamental para identificar possíveis estratégias de golpes em que se usam gatilhos psicológicos.

Evite fornecer informações pessoais ou efetuar pagamentos solicitados durante a chamada. O tempo é o seu aliado neste momento, para que possa verificar as informações que foram passadas antes de tomar qualquer atitude.

Desconfie sempre de ofertas muito tentadoras, vantagens mirabolantes ou prazos imediatos para resolver o que te pedem. Se possível, peça ajuda a outra pessoa e, na dúvida, desligue, encerre o contato ou não responda. Aí, sim, você vai tomar a iniciativa de entrar em contato com a empresa, central ou órgão correspondente e verificar as informações.