Filamento magnético explode e abre “cânion de fogo” no Sol

Material ejetado por filamento magnético que explodiu, abrindo um “cânion de fogo” no Sol, deve atingir a Terra esta semana
Por Flavia Correia, editado por Bruno Capozzi 18/03/2024 12h26, atualizada em 19/03/2024 21h28
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Um grande filamento magnético que se estendia pelo hemisfério sul do Sol entrou em erupção no domingo (17), esculpindo um “cânion de fogo” na atmosfera do astro. O evento foi registrado pelo Observatório de Dinâmicas Solares (SDO) da NASA:

Crédito: AIA/SDO/NASA

Os destroços da explosão produziram um halo parcial de ejeção de massa coronal (CME) registrado pelo coronógrafo do Observatório Solar e Heliosférico (SOHO), espaçonave operada em parceria entre a NASA e a Agência Espacial Europeia (ESA). 

Crédito SOHO via Spaceweather.com

Uma simulação computacional da NASA indica que a CME – jato de plasma solar – pode atingir o campo magnético da Terra na quarta-feira (20), provocando as chamadas “auroras de primavera” no extremo norte do planeta exatamente no dia do equinócio de março.

Simulação da NASA indica que CME deve atingir a Terra esta semana. Crédito: NASA

Equinócio de março de 2024:

  • O equinócio de março de 2024 será no dia 20, à 00h06 (pelo horário de Brasília);
  • Nesta data, dia e noite são iguais (saiba mais aqui);
  • A partir de então, as noites começam a aumentar dia após dia;
  • No hemisfério sul, é chamado de Equinócio de Outono;
  • Já no hemisfério norte, é o Equinócio de Primavera.

De acordo com registros históricos, distúrbios geomagnéticos causados pelos ventos solares são quase duas vezes mais prováveis durante os equinócios (março/abril e setembro/outubro) do que nos demais meses.

Mesmo jatos de material solar fracos são capazes de provocar auroras nessas épocas, como resultado do chamado efeito Russell-McPherron, que eleva a atividade geomagnética nos dias em torno dos equinócios ao causar rachaduras na magnetosfera do planeta.

Leia mais:

O que são filamentos magnéticos

Segundo a plataforma de meteorologia e climatologia espacial Spaceweather.com, filamentos solares são arcos colossais de gás eletrificado (plasma), que são mantidos suspensos acima da superfície do Sol. Eles serpenteiam pela atmosfera solar, reagindo ao campo magnético do astro. 

Quando o campo magnético fica instável, o filamento entra em colapso, o que pode resultar em explosões espetaculares, como a do fim de semana.

O que a “fúria” do Sol pode causar à Terra

Os poderosos fluxos de vento solar magnetizado podem desencadear a formação de auroras. Esses belíssimos shows de luzes são causados por partículas solares energeticamente carregadas que batem na atmosfera superior da Terra (a velocidades de até 72 milhões de km/h) e são espalhadas para as latitudes mais extremas do globo.

Em seguida, essas partículas penetram na magnetosfera do planeta, excitando átomos e moléculas de gás, assim gerando as estonteantes luzes do norte.

No entanto, não é apenas esse efeito espetacular que os jatos de plasma ejetados do Sol podem causar se atingirem a Terra. A depender da potência, esses eventos também podem provocar interrupções em sistemas de comunicação e GPS ou mesmo arrastar satélites, além de oferecer perigo para os astronautas na órbita do planeta.

Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.