Um artigo publicado nesta quinta-feira (28) no periódico científico Astrophysical Journal  descreve uma pesquisa conduzida pela Universidade Curtin, na Austrália, que descobriu uma partícula de poeira estelar rara presa em um antigo meteorito.

Agora trabalhando no Instituto de Ciência Lunar e Planetária em colaboração com o Centro Espacial Johnson, da NASA, a autora principal do estudo, Nicole Nevill, liderou uma equipe durante seus estudos de doutorado que aplicou uma técnica chamada tomografia por sonda atômica na análise de meteoritos – resquícios da passagem de rochas espaciais pela atmosfera da Terra.

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Imagem do remanescente da supernova Cassiopeia A combinando dados dos telescópios espaciais Chandra, James Webb, Hubble e Spitzer da NASA. Crédito da imagem: Raio-X: NASA/CXC/SAO; Óptica: NASA/ESA/STScI; RI: NASA/ESA/CSA/STScI/Milisavljevic et al., NASA/JPL/CalTech; Processamento de Imagens: NASA/CXC/SAO/J. Schmidt e K. Arcand)agem: Hubble/NASA/Divulgação

Poeira estelar presa em meteorito traz pistas sobre a morte explosiva de uma estrela

Os meteoritos são compostos principalmente de material formado no Sistema Solar, mas também podem conter minúsculas partículas que se originam de estrelas nascidas muito antes do nosso Sol. Indícios de que essas partículas, conhecidas como grãos pré-solares, são relíquias da morte de outras estrelas – explosões de supernovas – são encontrados analisando os diferentes tipos de elementos dentro delas.

Por meio da tomografia por sonda atômica, a equipe liderada por Neville identificou uma dessas partículas em um meteorito, reconstruindo sua química em escala atômica, de modo a acessar as informações ocultas internas. “Essas partículas são como cápsulas do tempo celestes, fornecendo um instantâneo da vida de sua estrela-mãe”, disse Nevill em um comunicado.

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Ela explica que o material criado em nosso sistema solar tem proporções previsíveis de isótopos – variantes de elementos com diferentes números de nêutrons. “A partícula que analisamos tem uma proporção de isótopos de magnésio que é distinta de qualquer coisa em nosso sistema solar”.

Um “mapa de átomos” tridimensional mostra dois tipos de isótopos de magnésio detectados dentro da amostra de amostra de meteorito. Crédito da imagem: Dr. David Saxey, Geoscience Atom Probe Facility, Curtin University.

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Para David Saxey, pesquisador do Centro John de Laeter em Curtin, essa pesquisa, da qual é coautor, está abrindo novos caminhos para entendermos o Universo, ultrapassando os limites de técnicas analíticas e modelos astrofísicos. “A sonda atômica nos deu todo um nível de detalhes que não conseguimos acessar em estudos anteriores”.

Saxey explica que a supernova que queima hidrogênio é um tipo de estrela que só foi descoberta recentemente, na mesma época em que a equipe estava analisando a minúscula partícula de poeira. “O uso da sonda atômica neste estudo dá um novo nível de detalhe nos ajudando a entender como essas estrelas se formaram”.

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Novas descobertas do estudo de partículas raras em meteoritos estão permitindo que os cientistas obtenham insights sobre eventos cósmicos além do nosso sistema solar – algo que pode revelar segredos  inimagináveis do Universo.