Neste 1º de abril, não celebramos apenas o Dia da Mentira. O Google celebra também o lançamento do Gmail, um dos serviços de e-mail mais populares do mundo, que, em 2024, completa 20 anos de existência.

Em 2004, os serviços de e-mail não tinham a quantidade de armazenamento e capacidade de envio de hoje, o que começou a cair por terra com o Gmail. Os fundadores do Google, Larry Page e Sergey Brin, costumavam anunciar projetos fictícios a cada 1º de abril, incluindo uma base de pesquisa na Lua.

publicidade

Leia mais:

Dessa forma, em 1º de abril de 2004, o anúncio do Gmail teve pouca atenção. Até porque a quantidade de armazenamento por usuário – e de graça – era absurda para a época: 1 GB. Isso significava 500 vezes mais e-mails armazenados, ante 60 e-mails armazenáveis nos serviços que já existiam até então (ou 15 MB). Além disso, havia, como outro diferencial, a integração do Google Search.

publicidade

Parecia tanto uma brincadeira, que até a gigante agência de notícias Associated Press (AP) não acreditou. “Nossa proposta era focada em três ‘Ss’: storage (armazenamento), search (busca) e speed (velocidade)”, contou a ex-executiva do Google Marissa Mayer, que esteve envolvida no desenvolvimento do Gmail.

Essa mensagem é reforçada por Ilya Brown, vice-presidente do Gmail do Google: “Se você pensar no tipo de proposta de valor que o Gmail trouxe para a mesa quando começamos, era sobre pesquisa ultrarrápida”.

publicidade

“Esse era o charme, criar um produto tão bom que parecia mentira. Mudou a percepção das pessoas sobre o que era possível em um navegador web”, disse Paul Buchheit, engenheiro que liderou o “Projeto Caribou”, que durou três anos até virar o Gmail.

publicidade
gmail
Imagem: Jarretera/Shutterstock

Gmail virou fenômeno imediato

  • A força do marketing do então novo e-mail do Google e sua proposta de armazenamento “gigantesca” foram chamarizes;
  • Dessa forma, os concorrentes, como Yahoo! Mail e Microsoft Hotmail (hoje Outlook) precisaram rever seus espaços de armazenamento;
  • A proposta do Google também fomentou o mercado em nuvem, deixando os usuários em polvorosa com a possibilidade de nunca mais precisar apagar e-mails;
  • Dada a inserção do motor de busca mais poderoso do mundo no Gmail, o Google Search, a busca por um e-mail em uma caixa lotada foi simplificada e ficou muitíssimo mais rápida;
  • A organização por assunto, agrupamento de mensagens, entre outros, trouxe novo padrão para o segmento;
  • A vigilância do estilo de uso do aplicativo pelos usuários também foi aprimorada a partir daí, para que anúncios personalizados fossem apresentados.

Primeiros anos

Como relata o Fortune, em seu início, apesar de oferecer 1 GB por usuário, o Google tinha “pouco” maquinário para manter o Gmail. Buchheit ilustrou isso muito bem: “Tínhamos só 300 máquinas velhas para dez mil usuários”, mostrando que o e-mail da gigante das buscas era um tanto limitado a apenas “alguns” usuários.

Isso tanto é verdade, que, assim como Facebook, BlueSky, X (ex-Twitter) e Orkut, em seus respectivos primórdios, para se ter uma conta Gmail, era preciso ter um convite, que, de tão raros, eram vendidos a peso de ouro na internet (especialmente no eBay).

Foi só em 2007 que as coisas melhoraram e o Google pôde oferecer seu serviço de e-mail para qualquer pessoa que quisesse tê-lo.

Em 2008, mais uma novidade: a introdução de temas, deixando a caixa de entrada mais jeitosa e amigável (mais do que a concorrência precisou copiar).

Segundo dados do The Verge, atualmente, o serviço conta com 1,2 bilhão de usuários (quase 1/7 da população mundial). Além disso, hoje, quem conta com o e-mail do Google tem 15 GB de armazenamento gratuito – compartilhado entre o Gmail e o Google Drive.

“O que levamos muito a sério é construir para coisas que [os usuários do Gmail] precisam”, disse Maria Fernandez Guajardo, diretora sênior e gerente de produto do Gmail.

smartphone como aplicativo do gmail
Imagem: Solen Feyissa/Unsplash

Nós definitivamente reconhecemos que o Gmail é quase como uma identidade. É quase como se fosse um representante de você no mundo exterior. Como ajudamos a identidade a evoluir com os usuários [do Gmail] ao longo do tempo? Ainda não temos uma solução, mas temos pensado nisso.

Ilya Brown, vice-presidente do Gmail do Google

E a evolução com a ajuda da inteligência artificial (IA) segue à toda, justamente com o Google Gemini, a IA da gigante das buscas. “Queremos pensar nos diferentes momentos deliciosos que nem sempre estão associados ao e-mail em si. Às vezes, são coisas que você não precisava fazer ou coisas que ajudam a fazer algo mais rápido”, pontuou Brown.

Um exemplo: se você enviar um e-mail para alguém indicando como tomar café, é possível que a IA do Gmail indique uma recomendação de um café local e a coloque no Google Agenda, transformando o serviço de e-mail e uma espécie de assistente pessoal ou algo parecido.

Vejamos o que o Google “apronta” nos próximos 20 anos de Gmail.