Guerra dos chips: China vai proibir uso de semicondutores estrangeiros

Governo da China determinou que as operadoras de telecomunicações do país precisarão eliminar o uso de chips estrangeiros até 2027
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Lucas Soares 12/04/2024 15h54
China chips
(Imagem: William Potter / Shutterstock.com)
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As maiores operadoras de telecomunicações da China precisarão eliminar totalmente o uso de chips semicondutores estrangeiros até 2027. A determinação foi imposta pelo governo chinês e faz parte da chamada “guerra dos chips“, disputa entre Estados Unidos e Pequim pela hegemonia tecnológica mundial.

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A medida deve causar grandes impactos em gigantes do setor com grande participação no mercado chinês. Este é o caso da Intel (que teve mais de 27% de sua receita no ano passado proveniente da China) e da AMD, por exemplo. Nenhuma das empresas se pronunciou oficialmente sobre o assunto até o momento.

O Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação da China ordenou que as operadoras móveis estatais inspecionem suas redes em busca de semicondutores não chineses e informem cronogramas para substituí-los. As informações são da Reuters.

Nos últimos meses, o governo da China tem intensificado os esforços para substituir os chips fabricados fora do país, especialmente no Ocidente, por alternativas domésticas. Além disso, anunciou uma diretriz chamada “Delete America” que obriga a retirada qualquer tecnologia dos Estados Unidos do país. O objetivo é acabar com qualquer dependência estrangeira e impulsionar a indústria doméstica chinesa (saiba mais sobre o assunto clicando aqui).

Chips da Intel
China determinou que as operadoras de telecomunicações do país eliminem o uso de chips estrangeiros até 2027 (Imagem: Wallpaper Flare)

Guerra dos chips

As ações chinesas são uma reação ao anúncio da Casa Branca de proibições de exportações de chips semicondutores e de outros produtos para o país. Além de fomentar a produção nacional de chips e o desenvolvimento da inteligência artificial, o governo dos Estados Unidos tenta impedir o acesso da China aos produtos.

Pequim foi impedida não apenas de importar os chips mais avançados, mas também de adquirir os insumos para desenvolver seus próprios semicondutores e supercomputadores avançados, e até mesmo dos componentes, tecnologia e software de origem americana que poderiam ser usados para produzir equipamentos de fabricação de semicondutores para, eventualmente, construir suas próprias fábricas para fabricar seus próprios chips.

Além disso, cidadãos norte-americanos não podem mais se envolver em qualquer atividade que apoie a produção de semicondutores avançados na China, seja mantendo ou reparando equipamentos em uma fábrica chinesa, oferecendo consultoria ou mesmo autorizando entregas a um fabricante chinês de semicondutores.

startups guerra dos chips
China e Estados Unidos disputam a hegemonia mundial tecnológica (Imagem: Quality Stock Arts/Shutterstock)

Importância dos semicondutores

  • Nos últimos anos, os chips semicondutores se tornaram uma força vital da economia moderna e o cérebro de todos os dispositivos e sistemas eletrônicos, de iPhones até torradeiras, data centers a cartões de crédito.
  • Um carro novo, por exemplo, pode ter mais de mil chips, cada um gerenciando uma operação do veículo.
  • Os semicondutores também são a força motriz por trás das inovações que prometem revolucionar a vida no próximo século, como a computação quântica e a inteligência artificial, como o ChatGPT, da OpenAI.
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.