Não é apenas na Terra que existem auroras. Em outros mundos do Sistema Solar também, como em Marte, por exemplo, que está experimentando no momento o maior nível auroral dos últimos 10 anos. E por lá a exibição das luzes coloridas não se dá apenas nas regiões polares e latitudes mais extremas, mas sim, no planeta inteiro.

“Só em fevereiro, houve três episódios de auroras globais – algo que nunca vimos antes”, explicou Nick Schneider, cientista do Laboratório de Física Atmosférica e Espacial (LASP) da Universidade do Colorado, nos EUA, à plataforma de climatologia e meteorologia espacial Spaceweather.com.

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Essa atividade intensa foi registrada entre 3 e 16 de fevereiro pela sonda MAVEN (sigla em inglês para Atmosfera de Marte e Evolução Volátil), da NASA, que orbita Marte desde 2014. A animação abaixo mostra os dois últimos episódios de uma série temporal em looping:


Schneider lidera a equipe do Espectrógrafo de Imagem Ultravioleta (IUVS) do satélite MAVEN, o instrumento que detectou os eventos. Todos os pixels roxos na animação são uma representação de falsa cor do brilho ultravioleta da aurora. As auroras marcianas provavelmente também têm um componente de luz visível, mas as câmeras do MAVEN não são capazes de vê-las.

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As auroras marcianas podem ser globais porque o Planeta Vermelho quase não tem proteção contra tempestades solares. Ele não tem um campo magnético semelhante ao da Terra, então as partículas do Sol penetram naquela atmosfera com facilidade – em todos os lugares.

O que causou a “metralhadora” de auroras em fevereiro foram as partículas energéticas solares (SEPs), que são aceleradas por ondas de choque dentro de ejeções de massa coronal que se aproximam após serem liberadas por erupções no Sol. Quando atingem a atmosfera de Marte, fazem com que ela toda brilhe.

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Crédito: Spaceweather.com

“Marte está atualmente sendo atingido por cerca de duas CMEs todos os meses, trazendo um suprimento pesado de SEPs”, diz Rebecca Jolitz, membro da equipe da sonda MAVEN no Laboratório de Ciências Espaciais da UC Berkeley.

Schneider observa que as SEPs não são a única maneira de produzir auroras em Marte. Os prótons no vento solar e a reconexão magnética também têm seu papel, produzindo suas próprias formas e cores de luzes.