Por que o nariz escorre quando choramos? 

Além de liberar lágrimas: o choro ativa uma rede de respostas físicas e químicas que envolvem o cérebro, os olhos e o nariz
Por Kelvin Leão Nunes da Costa, editado por Layse Ventura 04/11/2025 05h20
Criança chorando com o nariz escorrendo
Criança chorando com o nariz escorrendo / Crédito: alexeisido (shutterstock/reprodução)
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Quem nunca precisou de um lenço de papel depois de chorar? Além das lágrimas que escorrem pelos olhos, é comum que o nariz também comece a escorrer.

Esse fenômeno não é apenas uma coincidência e tem explicações fisiológicas bem definidas, que envolve o sistema nervoso, as glândulas lacrimais e as estruturas internas do nariz.

Neste artigo, vamos explicar por que isso acontece. Acompanhe e entenda!

O que acontece no corpo quando choramos

Criança chorando muito em cadeirinha de carro
Imagem: geargodz / iStock

O choro é uma resposta fisiológica complexa, controlada pelo sistema límbico, área do cérebro responsável pelas emoções. Quando sentimos tristeza, alegria intensa, medo ou até raiva, essa região cerebral ativa o sistema nervoso parassimpático, que, por sua vez, estimula a produção de acetilcolina, um neurotransmissor que provoca diversas reações no corpo.

Entre essas reações está a ativação das glândulas lacrimais, responsáveis por produzir as lágrimas. Elas têm a função de lubrificar e proteger os olhos, mas, em momentos de forte emoção, produzem uma quantidade muito maior de líquido do que o necessário para essa tarefa. Essa produção em excesso gera o choro visível, com as lágrimas escorrendo pelo rosto.

Canal nasolacrimal
Canal nasolacrimal / Crédito: Jmarchn (wikimedia/reprodução)

Ao mesmo tempo, a acetilcolina também age sobre a mucosa nasal, o tecido que reveste internamente o nariz. Esse estímulo faz com que ela produza mais secreção, uma mistura de muco e um fluido chamado transudato seroso. O resultado é o aumento do líquido dentro da cavidade nasal, levando ao clássico escorrimento do nariz durante o choro.

Como as lágrimas vão parar no nariz

O ponto central dessa ligação entre lágrimas e secreção nasal está no canal nasolacrimal, um pequeno ducto que conecta os olhos ao interior do nariz. Quando as glândulas lacrimais produzem lágrimas, parte desse líquido é drenada naturalmente por esse canal. Em condições normais, essa drenagem é quase imperceptível.

Mucosa nasal
Mucosa nasal / Crédito: ReneeWrites (wikimedia/reprodução)

Porém, durante o choro intenso, o excesso de lágrimas não consegue ser eliminado apenas pelos olhos e acaba fluindo para o nariz através do ducto nasolacrimal. Lá, ele se mistura com as secreções já produzidas pela mucosa nasal, aumentando o volume de líquido e provocando o escorrimento tão famoso.

Esse mesmo canal é o motivo pelo qual, ao pingarmos colírio nos olhos, sentimos um leve gosto salgado na garganta segundos depois.

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Choro
A função das lágrimas é muito mais do que apenas limpar os olhos. Créditos: NessaLand, CC BY 2.0, via Wikimedia Commons

Além de estimular a produção de secreção, a acetilcolina causa um leve inchaço na mucosa nasal, o que pode dificultar a passagem de ar e aumentar a sensação de nariz entupido. Esse inchaço, conhecido como vasodilatação, é semelhante ao que acontece em casos de gripe ou rinite, embora o mecanismo inicial seja diferente.

Por isso, quando choramos por muito tempo, podemos sentir o nariz congestionado, a respiração difícil e até mesmo a voz “nasalizada”. É o corpo reagindo a uma descarga emocional intensa, tentando equilibrar o excesso de líquidos produzidos pelas glândulas.

O nariz escorrendo em outras situações

Com a gripe

Mulher assoando o nariz com um lenço
Mulher assoando o nariz com um lenço (Reprodução: Desx/Pixabay)

Durante uma gripe, a mucosa nasal sofre uma inflamação causada por vírus. Essa inflamação aumenta o fluxo sanguíneo na região e estimula a produção de muco como forma de defesa. 

O organismo tenta eliminar o vírus e limpar as vias respiratórias, o que resulta em uma grande quantidade de secreção escorrendo pelas fossas nasais, canais que ligam as narinas à laringe.

Com o frio

Mulher com lenço assoando o nariz escorrendo ao ar livre. Sintoma de resfriado. / Crédito: New Africa (Shutterstock/reprodução)

A mudança de temperatura é outro gatilho clássico e que todo mundo já passou alguma vez. Quando o ar está muito gelado, o nariz “avisa” o cérebro, que responde produzindo coriza para umedecer e aquecer o ar antes que ele chegue aos pulmões. É um mecanismo de proteção das vias aéreas, mas que também faz muitas pessoas darem aquela fungadinha constante durante o inverno.

Kelvin Leão Nunes da Costa
Colaboração para o Olhar Digital

Jornalista formado pela Anhembi Morumbi, ama futebol e cinema. Cursou engenharia antes de descobrir sua paixão pelo jornalismo. Atualmente é analista de conteúdo e colaborador no Olhar Digital.

Layse Ventura
Editor(a) SEO

Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.