Um trabalho conjunto entre cerca de 10 mil voluntários de todo o mundo – os chamados “cientistas cidadãos” – e astrônomos da Agência Espacial Europeia (ESA) levou à descoberta de uma grande amostra de asteroides aleatórios. As rochas espaciais foram encontradas em dados de arquivo de 19 anos do Telescópio Espacial Hubble.

Segundo um comunicado da ESA, os cientistas profissionais combinaram os esforços dos voluntários com algoritmos de aprendizado de máquina para identificar os asteroides. Entre os 1701 rastros apontados, 1031 se confirmaram como asteroides não catalogados.

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Telescópio Espacial Hubble. Crédito: NASA

“Estamos nos aprofundando em ver a população menor de asteroides do cinturão principal. Ficamos surpresos ao ver um número tão grande de objetos candidatos”, disse Pablo García Martín, da Universidade Autônoma de Madri, na Espanha, autor principal do artigo que descreve as descobertas – publicado na revista Astronomy and Astrophysics.

A grande amostra aleatória oferece novas perspectivas sobre a formação e evolução do cinturão de asteroides (uma região circundante entre as órbitas de Marte e Júpiter).

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A presença abundante de asteroides pequenos sugere que eles sejam fragmentos de corpos maiores que se chocaram e se despedaçaram, como estilhaços de cerâmica quebrada – em um processo que aconteceu ao longo de bilhões de anos. 

“As colisões teriam uma certa assinatura que podemos usar para testar a população atual do cinturão principal”, disse o coautor Bruno Merín, do Centro Europeu de Astronomia Espacial, em Madri, na Espanha.

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Asteroides “fotobombam” telescópio icônico 

Devido à sua órbita veloz em torno da Terra, o Hubble consegue detectar asteroides em movimento através dos seus rastros evidentes nas imagens capturadas. Eles “fotobombam” o Hubble ao aparecerem como trilhas distintas e curvas nos registros do telescópio.

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Conforme o equipamento se move ao redor no nosso planeta, ele muda de ponto de vista ao observar um asteroide, que também se move ao longo de sua própria órbita. Ao saber onde o Hubble estava posicionado durante a observação e ao analisar a curvatura das trilhas, os pesquisadores conseguem calcular as distâncias até os asteroides e fazer estimativas sobre as órbitas que eles seguem.

Fotobombas de asteroide Hubble instantâneo da galáxia UGC 12158. Crédito: NASA, ESA, P. G. Martín (Universidade Autônoma de Madri), J. DePasquale (STScI). Agradecimento: A. Filippenko (Universidade da Califórnia, Berkeley)

Os asteroides capturados residem principalmente no cinturão principal. Os cientistas medem o brilho dos objetos usando as câmeras sensíveis do Hubble, e ao relacionar esse brilho com a distância, é possível fazer uma estimativa do tamanho. Os asteroides menos luminosos detectados na pesquisa têm cerca de um quadragésimo milionésimo da luminosidade da estrela mais fraca visível a olho nu.

Caçadores de asteroides do Hubble

Em 2019, astrônomos internacionais lançaram o Hubble Asteroid Hunter, um projeto de ciência cidadã para encontrar asteroides em dados de arquivo do Hubble. 

Desenvolvido por especialistas do Centro Europeu de Astronomia Espacial em colaboração com a Zooniverse e a Google, o projeto envolveu 11.482 voluntários, que fizeram dois milhões de identificações. 

Com um algoritmo de IA treinado pelos voluntários, o projeto pode ser replicado em outros conjuntos de dados. A próxima fase visa estudar órbitas e propriedades de asteroides não identificados, embora seja impossível rastreá-los diretamente devido ao tempo decorrido desde sua captura pelo Hubble.