O YouTube anunciou o banimento de 2.596 contas chinesas sob acusação de estarem envolvidas em “operações coordenadas de influência política”. Foram retirados do ar 186 canais em abril, 1.098 em maio e 1.312 em junho.

Tudo começou quando a empresa de análises de redes sociais Graphika lançou um relatório chamado “O Retorno do Dragão ‘Spamuflado’: a rede de spam pró-China tenta novamente”. No documento, uma “rede” de perfis chineses é acusada de camuflar propaganda governamental comunista por meio de spam no YouTube, Facebook e Twitter

Segundo o relatório, a rede costumava postar vídeos favoráveis ao governo da China, juntamente com memes e textos longos em mandarim e inglês. “Eles intercalavam conteúdo governamental com vídeos de paisagens, basquete e TikTok. Esse material parecia projetado para camuflar o viés político da operação, daí a expressão ‘spamuflagem'”, explica o documento.

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Presidente da China, Xi Jinping, é elogiado em publicações da rede de perfis chineses. Imagem: Departamento de Estado dos EUA 

A “operação” foi identificada pela primeira vez em setembro de 2019. Na ocasião, a Graphika alegou que a rede se concentrava em enaltecer as autoridades chinesas e atacar os manifestantes de Hong Kong, bem como outros críticos do regime de Xi Jinping.  

Depois de ser exposta, a rede teria “desaparecido”, retornando no mês de abril deste ano. Agora, ela estaria focada em elogiar a atuação do governo chinês frente à Covid-19.  

Conteúdo publicado

Em boletim divulgado na quarta-feira (5), o Google corroborou as acusações. De acordo com a companhia, esses canais postavam “principalmente spam e conteúdo não político, mas uma pequena parcela das publicações continha temática semelhante à relatada no documento da Graphika, incluindo críticas ao trabalho dos EUA no combate ao novo coronavírus“.

Uma das contas removidas, por exemplo, publicou 32 vídeos de 11 segundos no intervalo de duas semanas em outubro de 2019. Esses vídeos não tinham um assunto específico, e levavam sempre um simples numeral como título. 

A partir de novembro, o teor do conteúdo mudou. Essa mesma conta passou a fazer upload de materiais mais longos, de até três minutos, criticando os protestos pró-democracia de Hong Kong. Em fevereiro de 2020, a temática passou a ser a Covid-19, com vídeos que acusavam os críticos do governo chinês de espalharem “teorias da conspiração” sobre o novo coronavírus. 

Para os próximos meses, estima-se que mais contas sejam removidas. 

Via: TechCrunch