O ano passado representou um avanço para o mercado de ações de veículos elétricos. Montadoras como a Tesla e a chinesa Nio decolaram nas bolsas de valores, e até mesmo startups recém-surgidas no setor tiveram crescimento expressivo, superando grandes nomes já estabelecidos.

No entanto, é comum ver mudanças drásticas nas cotações ao redor do mundo, e essas empresas não estão a salvo, mesmo com o momento favorável.

Com isto em mente, os analistas David Whiston, da consultoria financeira Morningstar, e Joseph Fath, da firma de gerenciamento de investimentos T. Rowe Price, elencaram as cinco principais ameças que podem fazer o preço das ações de companhias que fabricam veículos elétricos despencar em 2021.

Conheça as 5 ameaças ao mercado de ações de fabricantes de veículos elétricos:

Tesla Motors
Tesla é uma das principais montadoras de veículos elétricos. Crédito: Nadezda Murmakova/Shutterstock

Fim das taxas de juros baixas

O Federal Reserve (ou Fed), banco central dos Estados Unidos, é o órgão que controla as taxas de juros no país. As taxas pagas por bancos ao tomarem empréstimos de outros bancos são chamadas de federal funds rate (taxa federal de fundos, em tradução livre), e nos últimos dez anos elas têm permanecido baixas, o que, por sua vez, favorece os empréstimos tomados por pessoas físicas.

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Este fator torna o investimento em ações mais atrativo do que no chamados bonds, ou títulos, e nas poupanças. Mas de acordo com Whiston, caso as federal funds rates subam este ano, o jogo pode virar, o que prejudicaria o mercado de ações em geral, incluindo as empresas de veículos elétricos.

Valorização de montadoras tradicionais

Carros elétricos representam, para o público em geral, avanço tecnológico e modernidade. Características como essas atraem a atenção de investidores, o que algumas montadoras tradicionais não têm conseguido fazer. Mas há quem encontre formas de valorizar suas ações com uma “repaginada”, como a GM, por exemplo.

A multinacional dona de marcas como Chevrolet e Cadillac anunciou que vai apostar em vans elétricas voltadas para o mercado de entregas, fechando uma parceria com o FedEx, equivalente norte-americano ao serviço dos Correios no Brasil.

GM planeja investimentos pesados no segmento de veículos elétricos. Crédito: GM/Divulgação

Além disso, a GM também estabeleceu a meta de vender apenas veículos elétricos a partir de 2035, uma jogada que a colocou no páreo com outras montadoras do segmento. Caso as demais companhias sigam este exemplo, startups mais jovens e até mesmo uma empresa do porte da Tesla podem enfrentar dificuldades num futuro próximo, avalia Whiston.

Diminuição do day trade com o fim da pandemia

Para Fath, o distanciamento social e os lockdowns resultantes da pandemia de Covid-19 impulsionaram o crescimento de day traders “informais” mundo afora. Muitos deles movimentaram o mercado de ações das montadoras de veículos elétricos.

O analista pondera que o eventual retorno dessas pessoas ao trabalho e o fim do home office podem diminuir o fluxo de investidores nas bolsas, prejudicando empresas que cresceram nesse período.

Início de produção ‘meia boca’

O ano de 2021 foi o escolhido por algumas startups do segmento, como a Nikola e a Lordstown Motors, para colocar seus primeiros veículos elétricos no mercado, e historicamente, o início nunca é fácil para empresas que atuam neste setor. Caso essa “tradição” permaneça, o mercado pode perder confiança nas startups.

Badger, da Nikola, é um dos veículos elétricos que ainda espera ver a luz do dia. Crédito: Nikola/Divulgação

Favorecimento de ações consolidadas

As montadoras de veículos elétricos são empresas cujas ações são mais caras, mas oferecem um upside alto, ou seja, o potencial de lucro é maior no caso de valorização. Nos últimos anos, investidores tem apostado nelas, em detrimento de companhias sólidas e com ações mais baratas. Uma mudança nesse status quo, pondera Fath, pode representar um duro golpe para as pretensões das montadoras.

Via Business Insider