O cientista de inteligência artificial (IA) Samy Bengio deixou o Google e aceitou a proposta para trabalhar na Apple, uma de suas principais concorrentes. O especialista vinha liderando pesquisas em IA na empresa de Mountain View durante as recentes turbulências causadas pelas demissões de Timnit Gebru e Margaret Mitchell.

Segundo fontes anônimas informaram à Reuters, Bengio deve assumir a liderança de uma nova unidade de inteligência artificial na Apple, respondendo a John Giannandrea, vice-presidente sênior de estratégias em IA e machine learning e, ironicamente, outro ex-Google.

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Antes de se juntar à Apple em 2018, Giannandrea também havia trabalhado no Google por oito anos.

Imagem mostra o cientista de IA, Samy Bengio, que trocou o Google pela Apple, ao lado de seu irmão Yoshua. Samy está de jaqueta vermelha, à esquerda da foto
Samy Bengio (esq.) ao lado de seu irmão, Yoshua: o especialista em inteligência artificial trocou o Google pela Apple. Imagem: Paperscope/Reprodução

Nem o cientista de IA, nem o Google, nem a Apple comentaram sobre a situação, embora seja fato conhecido que Bengio tenha deixado a empresa de Mountain View há cerca de duas semanas citando, na ocasião, “buscar novas e empolgantes oportunidades”.

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Antes de sair, Bengio foi um dos primeiros líderes do chamado “Google Brain” (“Cérebro do Google”, na tradução literal), um time de pesquisa em algoritmos de deep learning que, hoje, trabalham com foco em análise automatizada de imagens, reconhecimento de voz e outros dados.

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Crise de ética

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O Google vem enfrentando crises bem públicas de imagem no que tange à inteligência artificial: ao final de 2020, a cientista da computação Timnit Gebru liderava um time de pesquisa de ética no uso da inteligência artificial.

Após publicar um estudo com análises que mostravam os riscos atrelados aos modelos de linguagem – e suposta tentativa por parte do Google de forçá-la a se retratar do material – Timnit ameaçou se demitir.

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O Google foi mais veloz e desligou a especialista, encarando acusações de falta de profissionalismo, ética e até de racismo: Timnit é etíope, negra e membro de diversas organizações que lutam pela diversidade de gênero, raça e sexualidade em empresas de tecnologia.

Pouco tempo depois, Margaret Mitchell, que trabalhava com Timnit, foi acusada de transferir arquivos sigilosos do Google para fora da empresa. Ela, que sempre sinalizou apoio à companheira de trabalho, acabou sendo repetidamente remanejada e acusou os gestores da empresa de ignorá-la completamente durante uma suposta investigação. Posteriormente, ela foi demitida.

Samy Bigio, inclusive, declarou publicamente apoio a ambas as profissionais.