O foguete chinês que estava em queda descontrolada foi flagrado por uma câmera de monitoramento da Bramon (Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros) na noite de sexta-feira (7). O registro foi captado pela estação de Monte Castelo, no Planalto Norte de Santa Catarina, por volta das 18h30.
No vídeo, é possível observar o padrão de piscar (semelhante ao que vemos em aviões). O colunista Marcelo Zurita, diretor técnico da Bramon, explicou que isso ocorre porque o foguete estava girando no ar, o que fazia com que ele refletisse mais ou menos luz, de acordo com a posição que aparecia para nós.
É graças a esse padrão de variação de brilho que astrônomos amadores conseguiram identificar que o objeto estava descontrolado.
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Mistério sobre queda do foguete continua
A reentrada dos destroços do Longa Marcha 5B na atmosfera aconteceu no final da noite de sábado (8), seguindo a trajetória prevista. Porém, permanece ainda um mistério quanto ao local e horário exatos. Existem duas notificações, uma feita pelo governo americano e outra pelo governo chinês.
De acordo com o Comando Espacial Americano, o foguete caiu às 23h15 sobre a península Arábica. Já a Gerência de Espaço da China afirmou que os detritos caíram às 23h24 sobre às Ilhas Maldivas – a cerca de 3 mil quilômetros do ponto indicado pelos americanos.
Marcelo Zurita avalia que essa inconsistência se deva a uma imprecisão de dados de um dos dois países ou à possibilidade de os detritos terem viajado todo esse percurso durante a reentrada.
Desde o início, havia um entendimento de que o risco de incidentes com o foguete chinês era baixo. Porém, a China foi criticada pela maneira como lidou com a queda do veículo espacial.
Para autoridades ligadas à Nasa e também à Agência Europeia, os chineses não se preparam adequadamente. Eles deveriam ter feito a desaceleração programada do foguete, de modo que seu curso pudesse ser controlado e dirigido a áreas específicas do planeta, o que garantiria que nenhum destroço correria o risco de atingir áreas habitadas.
Ao invés disso, o foguete chinês reentrou na atmosfera terrestre sem controle, o que é considerado uma manobra de risco desnecessário por cientistas e técnicos espaciais.
China se defende após reentrada do foguete
O governo da China defendeu, nesta segunda-feira (10), o modo como lidou com a queda do foguete Longa Marcha 5B.
“A China acompanhou de perto a trajetória e emitiu declarações sobre a reentrada antecipadamente. Não houve nenhum relato de dano ao terreno. A China também compartilhou os resultados das previsões de reentrada por meio do mecanismo de cooperação internacional”, disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Hua Chunying.
Por outro lado, o gigante asiático não explicou o motivo de o foguete Longa Marcha 5B ter sido colocado temporariamente em órbita, já que a maioria dos foguetes geralmente voltam para a Terra logo após a decolagem. Bill Nelson, administrador da Nasa, acusou a China de “não cumprir os padrões responsáveis” no manuseio de detritos espaciais.
Em resposta, a porta-voz chinesa relembrou a reação com a queda de destroços de um foguete lançado pela SpaceX em março, que caiu na Terra em Washington e na costa de Oregon. Para Hua, Pequim está sendo tratada de maneira injusta. Ela destacou que, na época, a mídia norte-americana “usou retórica romântica como ‘estrelas cadentes iluminando o céu noturno'”.
“Mas quando se trata do lado chinês, é uma abordagem completamente diferente”, completou Hua. “Estamos dispostos a trabalhar com outros países, incluindo os Estados Unidos, para fortalecer a cooperação no uso do espaço sideral, mas também nos opomos a padrões duplos nessa questão”, concluiu a porta-voz.
A China planeja mais dez lançamentos para completar a construção da estação espacial Tiangong, até 2022. Dessas, quatro missões serão tripuladas, quatro de carga e o lançamento de três módulos. Quando completada, a estação terá vida útil de 10 anos. Com atualizações, pode chegar a 15 anos.
Que foguete é esse?
O Longa Marcha 5B levou ao espaço o núcleo da futura estação chinesa Tiangong. Com 16,6 metros de comprimento e 4,2 metros de diâmetro, o laboratório terá capacidade de receber três tripulantes.
No total, serão 11 missões para construir Tiangong até 2022. Serão quatro viagens tripuladas, quatro de carga e o lançamento de três módulos. Quando completada, a estação terá vida útil de 10 anos – que pode chegar a 15 anos com atualizações.
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