‘Rome: Total War’, lançado em 2004, provavelmente foi um dos jogos que eu mais joguei na vida. Sempre gostei de história (sendo o período do Império Romano um dos temas favoritos) e da franquia ‘Total War’, da Creative Assembly. Então, quando os dois se juntaram foi incrível. Assim como foi incrível a decisão de relançar o game remasterizado.

‘Total War: Rome Remastered’ (o nome mudou de ordem para atender ao novo padrão da franquia) otimiza os gráficos do jogo para o 4K com edifícios remodelados e novos efeitos ambientais (como nuvens de poeira e distorção de calor). Os mapas de campanha também apresentam novos modelos de alta resolução, e as unidades foram remodeladas e retexturizadas para parecerem melhor no campo de batalha.

Além de tirar proveito do avanço gráfico/tecnológico ‘Rome Remastered’ traz alguns dos recursos e melhorias na mecânica que só vieram mais na frente da série – como, por exemplo, a figura do “Comerciante”. Nada que mude drasticamente a experiência de quem jogou o original, além do fato que todas as alterações podem ser desligadas nas configurações (para os tarados pela versão original).

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A câmera do jogo tem mais liberdade e agora é possível rotacionar o mapa, bem como afastá-lo para uma melhor visão geral. Mapas de calor e novos ícones ajudam a entender melhor a dinâmica de diplomacia e segurança entre as facções, e no combate, novos marcadores mostram o status das unidade e seu alcance.

Falando em facções, ‘Rome Remastered’ inclui todo conteúdo do jogo original e das expansões ‘Alexander’ e ‘Barbarian Invasion’. Ao todo, são 38 facções que podem ser escolhidas (dependendo do modo de jogo) sendo 16 que inicialmente eram bloqueadas na versão de 2004 – e todas disponíveis no modo multijogador multiplataforma entre Windows, macOS e Linux.

Porém, a joia da coroa é o modo Grand Champaign, escolhendo, naturalmente, uma das três facções romanas. Os Julii, Brutii e Scipii estão entre as três mais antigas famílias descendentes de Rômulo, e disputam entre si por prestígio no Senado e influência na região. No início da campanha, os Julii devem seguir o exemplo do seu representante mais famoso, Júlio César, e partir para a conquista da Gália. Os Brutii se empenharão em conquistar os gregos e macedônios enquanto os Scipii se concentram em conquistar a Sicília e Cartago, tal qual o general Cipião Africano.

Nos primeiros séculos, Roma ainda é uma república, e você deve seguir ordens do Senado para conquistar prestígio (e cargos), ao mesmo tempo que seus sucessos militares, diplomáticos e administrativos lhe rendem fama entre o povo. Desequilibre a balança de poder entre as famílias de Roma a seu favor, e monte o cenário perfeito para dar um golpe e construir seu império. Alea jacta est.  

Mas esse processo não é nada fácil, e no caminho do poder você terá que lidar com gauleses, gregos, egípcios, númidas, cartagineses, espanhóis,  trácios, bretões, macedônios, selêucidas, germânicos, armênios e uma infinidade de outros povos da Europa, norte da África, Oriente Médio e Ásia. Com algumas dessas facções você poderá negociar, mas a maior parte não tende a ouvir a voz da razão.

Entre as “não modificações” feitas para manter o espírito original de ‘Rome’, está a manutenção da Inteligência Artificial dos adversários – e ela não é lá essas coisas. Frequentemente, antigos adversários te atacarão do nada – mesmo com tratados de paz em vigor – ou farão proposições diplomáticas absurdas. E não raro você se verá como um malabarista de circo, tento que lidar com situações inesperadas ao mesmo tempo que tenta empregar seu plano de conquista. Não há padrão de comportamento entre as facções também: os evoluídos egípcios às vezes podem se comportar tão erraticamente quanto os selvagens gauleses.

Cavalaria romana avança sobre os gauleses em 'Total War: Rome Remastered'. Imagem: Creative Assembly/Divulgação
Cavalaria romana avança sobre os gauleses em ‘Total War: Rome Remastered’. Imagem: Creative Assembly/Divulgação

Como em todo ‘Total War’, a ação se divide em dois cenários: o mapa geral, onde você controla e administra suas unidades e cidades, como em outros jogos de estratégia como ‘Civilization’. Você pode estabelecer rotas comerciais para faturar mais denários, mobilizar tropas, invadir territórios, estabelecer tratados ou até subornar tropas inimigas ou espionar adversários.

Essa parte talvez tenha sido a mais beneficiada na remasterização. Embora a mecânica tenha permanecido a mesma, a interface gráfica foi totalmente reformulada e agora está muito mais fácil gerir seu (futuro) império. Menus estão mais acessíveis e um tutorial te ajuda passo a passo no começo.

Se algum confronto chegar às vias de fato, o jogo muda para o mapa tático. Infelizmente, ‘Rome Remastered’ não incorporou as batalhas navais dos seus irmãos de franquia. Porém, os combates entre tropas militares está tão bom quanto se espera. Os gráficos aprimorados aproximam ‘Rome’ de alguns dos títulos mais novos da franquia, como ‘Medieval II’ ou ‘Shogun II’ – talvez até de ‘Rome II’, seu sucessor de 2012. A batalha se dá em um cenário aberto, onde toda decisão conta: do posicionamento das tropas até o clima. É como um ‘Age of Empires’, mas muito mais realista.

Se você já tem ‘Rome: Total War’, talvez os R$ 125 da nova versão pareçam um investimento alto. Mas se você curte jogos de estratégia e históricos, por esse preço você leva ‘Rome Remastered’, suas expansões e a versão original do game de presente. São horas – e mais horas – de diversão garantida.

* Para a realização desta análise, a Sega concedeu uma cópia do jogo na versão Steam ao Olhar Digital.

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