O verdadeiro ray tracing (traçado de raio) está finalmente começando a se tornar comum e notável em jogos de última geração para PC, PlayStation 5 (PS5) e Xbox Series X/S. A maioria dos títulos, inclusive, permite ao jogador escolher entre a opção de impacto de desempenho notável com detalhes mais precisos ou uma jogabilidade mais suave. Mas, verdade seja dita, a questão levantada com a adição da renderização é precisa: os jogadores devem realmente se preocupar com a tecnologia?

Embora o “termo da moda” seja relativamente novo no meio gamer, o recurso tem sido um esteio da computação gráfica no cinema e na TV por anos. Definido como um “algoritmo de computação gráfica usado para síntese de imagens tridimensionais”, a técnica refere-se a nada mais que ao processo de traçar o caminho dos “raios de luz” (o nome vem daí) conforme os mesmos refletem em uma cena. Ou seja, cria melhores efeitos de luz e, por consequência, deixa o jogo em questão muito mais bonito, nítido e etc.

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A tecnologia permite que os computadores renderizem com precisão coisas como sombras, reflexos, destaques e luz refletida. O resultado em tela, no fim, é uma cena que parece extremamente mais realista – e com muitos menos trabalho. A única desvantagem é que o ray tracing geralmente exige tanto poder de processamento que os estúdios de cinema e desenvolvedoras de jogos precisam passar dias renderizando cenas altamente detalhadas.

spider-man ray tracing
‘Spider-Man’ e ‘Spider-Man: Miles Morales’ são exemplos notáveis de utilização do ray tracing. Imagem: Insomniac Games/Divulgação

O verdadeiro avanço para os videogames, no entanto, é o ray tracing em tempo real. Os consoles e placas de vídeo modernos, como os Xbox Series e o PS5, finalmente têm poder de processamento suficiente para lidar com a força bruta do rastreamento de raios. Todavia, a tecnologia ainda pode ser limitada a apenas algumas tarefas. O ‘Cyberpunk 2077’, por exemplo, dá a opção ao jogador de alternar separadamente os reflexos traçados por raios e sombras, para que você possa escolher qual aspecto dos gráficos do jogo será melhorado.

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No entanto, você realmente se preocupa tanto com sombras mais precisas? Pode parecer insignificante, mas o mesmo acontece com a maioria das melhorias nos gráficos visuais em geral. Tendemos a notar quando os gráficos ruins aparecem, mas quando são bons, ficamos mais imersos no jogo.

A verdade é que mais do que um upgrade gráfico, o ray tracing facilita o trabalho dos desenvolvedores. A maioria dos games atuais tem opções de gráficos sem traçado de raio se você não tiver um hardware poderoso para ativar o recurso, porém fazer com que essas experiências pareçam certas exige muito mais trabalho. Quanto mais esforço é necessário para fazer com que as sombras falsas em uma cena pareçam certas, menos tempo o desenvolvedor tem para gastar em outra coisa.

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A longo prazo, conforme o console fica mais poderoso, os gráficos vindos do ray tracing se tornarão mais padronizados e permitirão que os desenvolvedores criem experiências incríveis com menos esforço do que antes. De forma mais simples, as aparências dos jogos atuais já são bonitas por si só, mas a partir da atual geração de hardwares, qualquer jogo quase sempre ficará melhor com o rastreamento de raios ativado.

Por que você ainda pode querer não utilizar a tecnologia

Por ora, no entanto, o ray tracing é uma tarefa exigente. A geração atual de consoles em particular chegou em um momento desafiador. A saída de jogos em 4K está tornando-se padrão, mesmo se você não tiver uma HDTV 4K. Os games estão cada vez mais direcionados a 60 quadros por segundo (fps), e aqueles que não o fazem estão “sofrendo” com críticas do público e da mídia especializada. Alguns títulos, inclusive, já estão até atingindo 120 fps.

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Todas essas inovações exigem grandes quantidades de poder de processamento em comparação com as gerações anteriores. Por exemplo, 4K requer quase quatro vezes mais poder de processamento do que 1080p. Jogos rodando a 60 fps requerem quase o dobro de processamento do que 30 fps, porque está renderizando exatamente o dobro de quadros no mesmo período de tempo. E para 120 fps, a carga de trabalho é o dobro de 60 fps.

Em palavras mais simples, há uma grande quantidade de dados que os novos consoles e placas gráficas precisam processar e operar mais rapidamente apenas para acompanhar os recursos atuais.

Adicionar ray tracing em cima disso é como tentar conseguir um terceiro emprego quando você já está trabalhando 80 horas por semana. Eventualmente, algo precisa ser feito, e é exatamente aí que a safra atual de videogames abertos aos traçados por raios atua.

Dependendo de qual placa de vídeo você possui, o ‘Cyberpunk 2077’ pode ser extremamente lento no PC com o ray tracing ativado. ‘Call of Duty: Black Ops Cold War’ pode ser executado a 120 fps ou ativar o rastreamento de raios, mas não ambos. Mesmo em hardwares que permitem traçado de raios e altas taxas de quadro ao mesmo tempo, o jogador pode obter uma experiência mais suave ou menos caso opte por não ativar os recursos da “nova tecnologia”.

‘Cyberpunk 2077’ permite a ativação de ray tracing. Imagem: CD Projekt Red/Divulgação

Isso fala mais sobre o fato de que a tecnologia ainda está em sua infância. Eventualmente, os hardwares ficarão mais poderosos e os jogos serão capazes de rodar em taxas de quadros extremamente altas sem desligar o rastreamento de raios. Porém, para a geração de console atual, o ray tracing sempre significará uma compensação de desempenho.

Então, devo me importar com ray tracing?

Em última análise, o ray tracing é “o Santo Graal” para uma iluminação realista e upgrade gráfico. Se você quiser ver os jogos com a melhor qualidade visual possível, aperte o botão e ative o rastreamento de raios. Pessoalmente (eu, Arthur Henrique), gosto de ativar a opção sempre quando disponível, mesmo que por um breve período, apenas para olhar ao redor e assimilar todos os pequenos detalhes de uma cena. ‘Returnal‘ e ‘Ratchet & Clank: Em Uma Outra Dimensão‘, em particular, são títulos que não só parecem excelentes com o traçado de raio, mas também foram projetados para exaltar como games construídos em torno da tecnologia podem – e devem – ser muito melhores.

No entanto, em última análise, sua experiência com o jogo é o que importa, e se o seu computador ou console está se esforçando para acompanhar as demandas que o ray tracing coloca nele, você provavelmente não perceberá se ele estiver desligado. Pode ser menos realista, mas os videogames viveram com um realismo menos do que perfeito por décadas – a tal ponto que o que pensamos que parece “real” em um jogo não é exatamente o mesmo que esperamos dos filmes.

‘Spider-Man: Miles Morales’ é outro exemplo perfeito disso. O jogo original de 2018 apresentava reflexos falsos em edifícios. Na sequência lançada em 2020, o ray tracing dá reflexos mais precisos aos edifícios que o “novo Teioso” rasteja.

De qualquer forma, ray tracing é uma tecnologia muito legal, é mais prática para os desenvolvedores e torna o mundo digital muito mais envolvente quando ativada. Contudo, não há razão para se forçar a usá-lo se prejudicar a jogabilidade do seu jogo “queridinho”. Fique tranquilo ou tranquila sabendo que, com o passar do tempo, os games continuarão a ter uma aparência cada vez melhor… e o traçado de raios é só o começo!

Fonte: Wired

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