Uma parceria entre a Universidade de Oxford e a empresa biofarmacêutica NuCana descobriu que o medicamento quimioterápico NUC-7738, derivado de um fungo do Himalaia, tem uma potência 40 vezes maior para matar células com câncer do que seu composto original.

Medicamento quimioterápico a base de fungo oferece boa resposta em fase de testes clínicos. Imagem: BrianAJackson – iStockphoto

De acordo com um estudo, publicado pela Clinical Cancer Research, a nova droga também tem bem menos efeitos colaterais tóxicos.

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O análogo de nucleosídeo de ocorrência natural conhecido como Cordycepin (também chamado de 3′-desoxiadenosina) é encontrado no fungo Cordyceps sinensis, do Himalaia, e tem sido usado na medicina tradicional chinesa há centenas de anos para tratar câncer e outras doenças inflamatórias. 

No entanto, de acordo com o site Medical Xpress, o elemento se decompõe rapidamente na corrente sanguínea, de modo que uma quantidade mínima dele chega até o tumor. A fim de melhorar sua potência e avaliar clinicamente suas aplicações como droga contra o câncer, a empresa biofarmacêutica NuCana desenvolveu Cordycepin em uma terapia clínica , usando sua tecnologia ProTide para criar um medicamento de quimioterapia com eficácia bastante melhorada.

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Uma vez no organismo, o Cordycepin requer transporte para as células cancerosas por um transmissor de nucleosídeo (hENT1), deve ser convertido no metabólito anticâncer ativo conhecido como 3′-dATP por uma enzima de fosforilação (ADK), e é rapidamente decomposto no sangue por uma enzima chamada ADA. 

Medicamento usa tecnologia nova para combater o câncer

Juntos, esses mecanismos de resistência associados ao transporte, ativação e degradação resultam na entrega insuficiente de metabólito anticâncer para o tumor. NuCana utilizou a nova tecnologia ProTide para projetar uma terapia que pode contornar esses mecanismos de resistência e gerar altos níveis do metabólito anticâncer ativo, 3′-dATP, dentro das células cancerosas.

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A tecnologia ProTide é uma abordagem nova para a entrega de drogas quimioterápicas às células cancerosas que age ligando pequenos grupos químicos a análogos de nucleosídeos como a Cordycepin, que são metabolizados posteriormente, ao atingirem as células cancerosas do paciente, liberando a droga ativada. 

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Tal tecnologia já foi usada com sucesso nos medicamentos antivirais aprovados pela FDA (agência reguladora dos EUA equivalente à nossa Anvisa) Remsidivir e Sofusbuvir para tratar diferentes infecções virais, como hepatite C, Ebola e Covid-19.

Os resultados do estudo sugerem que, ao superar os principais mecanismos de resistência ao câncer, o NUC-7738 tem maior atividade citotóxica do que a Cordycepin contra uma variedade de células doentes.

Pesquisadores de Oxford e seus colaboradores em Edimburgo e Newcastle estão agora avaliando o NUC-7738 no ensaio clínico de Fase 1 NuTide: 701, que testa a droga em pacientes com tumores sólidos avançados que eram resistentes ao tratamento convencional. 

Segundo os primeiros resultados do estudo, o NUC-7738 é bem tolerado pelos pacientes e mostra sinais encorajadores de atividade anticâncer.

Outros ensaios clínicos de Fase 2 deste medicamento estão sendo planejados em parceria com a NuCana, para aumentar o número crescente de medicamentos contra o câncer com tecnologia ProTide que estão sendo desenvolvidos para tratar diversos tipos da doença.

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