Cientistas do Instituto Butantan, em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e outras instituições de ensino, avançaram em uma pesquisa utilizando macacos rhesus (Macaca mulata) que pode gerar novos tratamentos contra a esquistossomose, incluindo até uma possível futura vacina.

De acordo com o Ministério da Saúde, a esquistossomose é uma doença causada pelo parasita Schistosoma mansoni. Inicialmente é assintomática, mas pode evoluir e causar graves problemas de saúde crônicos, podendo haver internação ou levar à morte.

A contaminação geralmente ocorre no contato com água doce onde existam caramujos infectados pelos vermes. Quando os vermes atingem o corpo da pessoa, passam a colocar ovos e a viver nos tecidos do corpo humano. Os sintomas incluem febre, dor de cabeça, calafrios, fraqueza, dor muscular, tosse, diarreia entre outros.

O estudo descobriu que o macacos rhesus possui naturalmente uma forte resposta imunológica contra a esquistossomose. O organismo dessas criaturas consegue agir causando a autocura da doença após a primeira infecção e atuando de forma ainda mais rápida em uma segunda.

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Pesquisadores do Laboratório de Parasitologia do Instituto Butantan. Da esquerda para direita: Ana Carolina Tahira, Daisy Woellner Santos e Murilo Sena Amaral (foto: acervo de Murilo Sena Amaral)

Pesquisa com macacos sobre esquistossomose

A pesquisa brasileira foi publicada na renomada revista científica Nature. 12 macacos fizeram parte do estudo. Eles foram infectados com 700 cercárias de Schistosoma mansoni e acompanhados por 42 semanas. Esse é o período de incubação, desenvolvimento dos sintomas e cura da doença.

Após isso, eles passaram por uma reinfecção, também com 700 cercárias, e dessa vez foram monitorados por mais 20 semanas. Após isso, o sangue e as fezes dos animais foram analisados para determinar o nível de antígeno anódico circulante.

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“A via de autofagia, executada por meio dos lisossomos que fazem a ‘limpeza’ das células, é afetada no parasita pelos anticorpos do macaco. Essa via é importante para a fisiologia basal do Schistosoma mansoni e não havia sido demonstrado seu envolvimento na autocura. Pelo contrário, foi pouco estudada até agora”, explicou Murilo Sena Amaral, pesquisador do Laboratório de Parasitologia do Instituto Butantan e primeiro autor do artigo, em entrevista à Agência FAPESP.

Foi constatado que a partir da décima semana de infecção, a doença é eliminada do organismo dos macacos. Após isso, em uma segunda contaminação, o corpo gera forte resistência contra a esquistossomose. Basicamente, os agentes infecciosos são mortos pelo plasma do macaco.

Esquistossomose é uma doença tropical e muito comum no Brasil. Por ano, cerca de 200 milhões de pessoas são afetadas no mundo todo e mais de 200 mil morrem em decorrência da doença.

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