Um estudo descobriu um novo comportamento curioso do coronavírus Sars CoV-2: ele usa as células de gordura de uma pessoa infectada para se esconder. Com isso, o vírus consegue despistar o sistema imunológico.

Como o vírus pode passar das células adiposas para outras partes do corpo, o excesso de peso aumenta o risco de pacientes desenvolverem a chamada covid longa. Isto é, quando o paciente apresenta sintomas mesmo depois de ter se recuperado da infecção inicial pelo coronavírus.

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Assim, a novidade ajuda a entender porque as pessoas com sobrepeso e obesas têm sido vítimas numerosas em casos de covid longa.

“Se as células de gordura são um reservatório para infecções virais, a obesidade pode contribuir não apenas para uma doença aguda grave, mas também para uma síndrome de covid de longa duração”, diz o estudo, que ainda não foi revisado por cientistas independentes.

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Tecido adiposo tem mais receptores

Catherine Blish, professora do Centro Médico da Universidade de Stanford, e sua equipe examinaram as células adiposas de pacientes que haviam morrido de covid-19. Assim, eles descobriram que o coronavírus Sars CoV-2 usa os receptores ECA2 como porta de entrada para células.

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Esses receptores, por sua vez, são encontrados em maior quantidade nas células de gordura do que em outros tipos de célula. Aliás, a densidade de receptores ECA2 no tecido adiposo é até maior do que no tecido pulmonar, que é um dos órgãos que mais sofre com a infecção pelo covid-19.

“Os dados de nosso estudo sugerem que a infecção do tecido adiposo e a resposta inflamatória associada pode ser uma das razões pelas quais indivíduos com sobrepeso ficam tão mal quando infectados pelo Sars-CoV-2”, explica Blish, principal autora do estudo.

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Apesar da novidade, essa não é a primeira vez que um vírus se comporta desta maneira. Outros patógenos, como o vírus da gripe, também parecem gostar de se aninhar na gordura corporal.

Obesidade e os casos graves de covid

Não é novidade, mas vale a pena lembrar que as pessoas com excesso de peso têm uma chance maior de serem afetadas pela doença. Ainda em 2020, ano inicial da pandemia, foi publicada a primeira meta-análise com dados de quase 400 mil pacientes.

O que se descobriu foi que as pessoas com obesidade tinham:

  • 113% mais probabilidade de serem hospitalizadas;
  • 74% mais probabilidade de serem admitidas em uma unidade de terapia intensiva;
  • 48% mais probabilidade de morrerem quando infectadas pelo covid-19.

Em resumo, isso se deve a uma pior condição física, problemas respiratórios, sistema imunológico enfraquecido, inflamações crônicas e presença de comorbidades (como hipertensão arterial, doenças cardíacas e diabetes).

Por fim, um dos métodos de tratamento sugerido pelos pesquisadores é a terapia antiviral. Pois, conforme eles constataram, o vírus em células de gordura reage ao medicamento remdesivir.

Via Deutsche Welle.

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