No fim do mês passado, o satélite Landsat 8, da Nasa em parceria com a Pesquisa Geológica dos EUA, captou um raro fenômeno de formação de gelo na superfície do Oceano Antártico. A agência espacial norte-americana, por meio de seu Observatório Terrestre,  processou a imagem e a divulgou esta semana.

Segundo informações do observatório, a imagem se concentra em um canal de água com cerca de 6 km de diâmetro entre a Plataforma de Gelo Ronne – uma extensão flutuante permanente da principal camada de gelo da Antártica, que deu origem ao A-76, o maior iceberg do mundo – e um grande pedaço de gelo marinho no Mar de Weddell.

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No canto superior direito da foto, é possível ver a rara formação de gelo ultrafina denominada nilas se estendendo a uma distância sem precedentes. Imagem: NASA Earth Observatory / Joshua Stevens / Landsat 8

Ventos fortes e correntes marítimas incomuns ajudaram a pintar essa paisagem de gelo de tirar o fôlego na superfície oceânica.

Composto por gelo plurianual (que é branco e formado ao longo de anos) e por gelo fresco (que é cinza e está no primeiro ano de formação), esse gelo marinho se faz normalmente muito mais próximo da Plataforma de Gelo Ronne. No entanto, na imagem, ele está muito mais longe após ter sido empurrado por ventos fortes. 

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Mudanças climáticas têm papel crucial nessa formação de gelo incomum

Essa lacuna mais ampla permitiu que faixas finas de gelo se formassem entre os dois pedaços maiores. Esses “tentáculos” de gelo são feitos de nilas, um congelamento marinho fino com menos de 10 centímetros de espessura. 

Formadas por minúsculos cristais em forma de agulha conhecidas como “gelo frazil” – que são o primeiro estágio do crescimento do gelo marinho – as nilas são lâminas frágeis completas que se organizam sobre a água. 

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De acordo com a Nasa, no entanto, em razão dos fortes ventos, foram criadas correntes superficiais estranhas que impediram que o gelo das nilas se formasse em uma única camada e, em vez disso, elas foram empurradas através da superfície do canal.

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“Os fortes ventos provavelmente induziram vórtices, ou minúsculos redemoinhos, na camada de água mais próxima à superfície, fazendo com que a água girasse verticalmente em pequenos padrões circulares perpendiculares à direção do vento”, explica o comunicado da Pesquisa Geológica dos EUA. 

“Em áreas onde essas rotações convergem, nilas se acumularam, criando faixas cinza-claras em meio à água mais escura”, disse Walt Meier, cientista do gelo marinho do Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo, no comunicado.

Depois de ser empurrado através do canal, as nilas podem ser vistas condensando-se em uma borda fina e azul ao redor do gelo marinho. Normalmente, as geleiras e o gelo marinho parecem azuis apenas quando se tornam tão densos que absorvem os comprimentos de onda mais longos da luz e refletem apenas o azul. 

Portanto, é incomum ver essa cor no gelo de nilas, que é muito fino. “Não tenho certeza de como o gelo marinho aqui fica com a cor azul”, disse Meier, “mas é possível que ele tenha sido comprimido o suficiente para causar esse efeito”.

Segundo ele, esse fenômeno impressionante pode se tornar mais comum devido às mudanças climáticas. Em novembro, quando a foto foi tirada, a extensão do gelo marinho da Antártica estava bem abaixo da média para aquela época do ano. 

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