Descoberto há apenas um ano, o cometa Leonard, formalmente conhecido como Cometa C/2021 A1, fez sua passagem mais próxima da Terra em 12 de dezembro, marcando o auge de um mês repleto de oportunidades de observação. A partir desta data, com sua distância até nós aumentando gradativamente, ele deveria ficar cada vez menos brilhante, até se tornar invisível para nós.

Mas conforme o cometa continuou sua jornada através do sistema solar interno, algo mudou: sua cauda assumiu a aparência de uma serpentina, mesmo quando o núcleo do cometa se tornou mais brilhante.

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“De alguma forma, ele voltou à vida e desencadear alguns aumentos súbitos no brilho, que reverteram a tendência de desaparecimento”, disse Quanzhi Ye, um astrônomo da Universidade de Maryland que se especializou em cometas, em declaração ao site Space.com.

Cometa Leonard sobre a Namíbia. Crédito: Lukas Demetz / Michael Jäger

O novo espetáculo é o resultado do vento solar, uma corrente de partículas de plasma carregadas emitidas pelo Sol que flui constantemente pelo sistema solar. Os cometas apresentam duas caudas, uma feita de poeira e outra de íons. E como os íons são partículas carregadas, a cauda de íons de um cometa é particularmente suscetível a ser moldada pelo vento solar, bem como pelo campo magnético localizado no espaço interplanetário.

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“O que vemos aqui são todos os tipos de efeitos visuais causados ​​pela influência do vento solar”, disse Ye. “A maioria dos efeitos fascinantes que vemos nas fotos são da cauda de íons.”

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Coincidentemente, os astrônomos já estavam de olho na cauda de íons do cometa Leonard. Em dezembro um estranho episódio com uma mudança súbita no brilho fez os cientistas se perguntarem se o cometa poderia estar se desintegrando, um evento cujo início seria marcado pelo desaparecimento da cauda de íons. Mas isso não aconteceu.

Na última segunda-feira (3) o cometa atingiu seu periélio, ou seja, a aproximação máxima do Sol. É um momento crítico, já que a essa distância ele terá que sobreviver à intensa força gravitacional de nossa estrela, e também aos ventos solares. Assim como ocorre com muitos outros cometas ao fazer esse giro próximo pelo Sol, há um grande risco de Leonard se despedaçar. 

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E, mesmo que isso não aconteça e ele sobreviva à aproximação do Sol, “sua trajetória irá jogá-lo no espaço interestelar, e ele nunca mais voltará”, revelou a agência espacial norte-americana (Nasa) em comunicado, por meio do qual destaca que o cometa fez uma viagem de 40 mil anos até nossa estrela, vindo do sistema solar exterior.

Imagem de abertura: Cometa Leonard registrado em Maringá, PR. Crédito: Bruno Bonicontro

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