Um dos principais ingredientes ativos da maconha, o canabidiol (CBD) se mostrou bastante promissor no tratamento de um tipo específico, agressivo e mortal de tumor cerebral, o glioblastoma. O CBD se mostrou capaz de ativar uma espécie de enzima bloqueadora do sistema imunológico.

O glioblastoma é uma das formas mais letais de tumor cerebral, com uma sobrevida média de 15 meses após o diagnóstico, mesmo com tratamento. Esse cenário fez com que os médicos se mostrassem bastante desesperados na busca de tratamentos melhores para esse tipo de tumor cerebral.

Apesar de ser um dos principais ingredientes ativos da maconha, o CBD não é o que causa o efeito alucinógeno. Outros medicamentos que têm o CBD como princípio ativo já foram aprovados em diferentes países do mundo para o tratamento de doenças como a epilepsia.

Como o tumor se protege

Glioblastomas têm um mecanismo de proteção bastante sofisticado. Imagem: Life science/Shutterstock

Os glioblastomas, da mesma forma que muitos outros tumores cerebrais, se cercam de um microambiente que os protege e permite que eles prosperem. Porém, o microambiente dos glioblastomas é muito mais complexo quando comparado aos de outros tipos de câncer no cérebro.

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O pesquisador da Universidade Augusta, na Geórgia, nos Estados Unidos, Babak Baban, explica que o glioblastoma usa um processo chamado angiogênese para se espalhar e sobreviver. Por conta disso, esse tipo de tumor cerebral é um dos mais agressivos para o sistema nervoso central.

“Eles são muito bons em se protegerem, então precisamos de maneiras de derrubar o escudo e tornar o sistema imunológico mais eficaz para encontrá-los”, disse Baban. Um desses escudos é uma enzima conhecida como IDO, um dos mecanismos que ajuda o feto a se proteger do sistema imunológico da mãe.

Próximas etapas

Usando modelos animais, os pesquisadores administraram o CBD via inalação, o que causou um encolhimento dos tumores. O ingrediente da maconha foi capaz de bloquear pelo menos três componentes que são essenciais para o crescimento dos tumores, entre eles, a IDO.

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Segundo os pesquisadores, o CBD parece bloquear a ação da IDO, aumentando a presença de células T do sistema imunológico ao redor dos tumores. Essas células são importantes no combate a tumores, mas são bloqueadas ativamente pelo glioblastoma.

Agora, a próxima etapa consiste em misturar o CBD com quantidades iguais que THC, um outro princípio ativo da maconha, este sim, responsável pelos efeitos alucinógenos da planta. As próximas pesquisas consistem em verificar se o CBD pode também prevenir um retorno do tumor.

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