A agência espacial norte-americana (Nasa) estimava que o telescópio espacial James Webb (JWST), conforme originalmente projetado, teria combustível (uma mistura de hidrazina e tetróxido de dinitrogênio) para operar por 10 anos. Esse combustível é usado na jornada até seu destino no espaço, uma órbita ao redor do Ponto de Lagrange L2 entre o Sol e a Terra, bem como nas manobras usadas para a manutenção desta órbita durante seu funcionamento.

Essa “vida útil” era uma estimativa, e a autonomia real dependeria de quanto combustível seria necessário para levar o observatório da órbita terrestre, onde foi colocado por um foguete europeu Ariane 5, ao ponto L2. Quanto mais preciso fosse o foguete ao colocar o telescópio na posição correta em órbita, menos combustível seria necessário para corrigir sua trajetória a caminho de L2, e mais sobraria para a operação do JWST a longo prazo.

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Quatro dias após o lançamento, que ocorreu em 25 de dezembro, a Nasa já havia anunciado que graças à precisão do foguete Ariane 5, foi necessário menos combustível que o esperado para as manobras de correção de curso, e que o JWST poderia operar por “significativamente mais tempo” do que planejado. Mas quanto é isso?

O mistério foi revelado no último sábado (8): segundo Mike Menzel, engenheiro de sistemas da missão para o telescópio Webb, o JWST tem combustível para 20 anos de operação, ou seja, o dobro do originalmente esperado. Isso permitirá que a Nasa cancele os planos para uma cara, e arriscada, missão de reabastecimento que estava sendo considerada para o futuro. 

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O bom desempenho do foguete não foi por acaso. Em entrevista ao “The Interplanetary Podcast” o gerente de programa do Ariane 5, Ruedegar Albat, afirmou que embora os foguetes sejam intercambiáveis, os técnicos e engenheiros sabem quais componentes estão sendo usados em cada um, e se certificaram de escolher “os melhores dos melhores” para o lançamento do James Webb.

Foguete Ariane 5, carregando o Telescópio Espacial James Webb, na plataforma de lançamento em Kourou, Guiana Francesa, em 23 de dezembro de 2021. (Crédito da imagem: ESA - S. Corvaja)
Foguete Ariane 5, carregando o Telescópio Espacial James Webb, na plataforma de lançamento em Kourou, Guiana Francesa, em 23 de dezembro de 2021. (Crédito da imagem: ESA – S. Corvaja)

Segundo Albat, o propulsor “Vulcain 2” escolhido foi um que se sobressaiu durante os testes por sua precisão. “Foi um dos melhores propulsores Vulcain que já construímos”, disse ele. “Ele tem um desempenho muito preciso. Seria um crime não usá-lo”. O mesmo raciocínio foi aplicado aos propulsores de estado sólido (SRBs, Solid Rocket Boosters) que auxiliam o foguete na subida. 

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No último sábado (8) a Nasa anunciou o desdobramento do espelho primário do James Webb. Com isso a montagem do telescópio no espaço está concluída, restando testes e calibração, que serão realizados ao longo dos próximos cinco meses e meio antes que ele possa iniciar suas observações científicas.

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